Trigo e Doença Celíaca: Impacto na Qualidade de Vida dos Pacientes

Saiba mais sobre a Doença Celíaca, seus sintomas, diagnóstico e como o nutricionista pode ajudar no tratamento com dieta sem glúten.


Hoje, dia 10 de novembro, é comemorado o Dia do Trigo no Brasil, um dos cereais mais importantes cultivados no mundo, especialmente por ser a base para a produção de diversos alimentos. No entanto, é importante destacar que o trigo, por conter glúten, pode ser prejudicial para pessoas com doença celíaca, uma condição autoimune que afeta o sistema digestivo.

O que é a Doença Celíaca?

A doença celíaca é uma doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten—uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada e centeio—em pessoas geneticamente predispostas. Quando essas pessoas consomem alimentos contendo glúten, o corpo reage de forma anormal, provocando uma resposta imune que afeta principalmente o intestino delgado. Isso prejudica a absorção de nutrientes essenciais, o que pode levar a uma série de problemas de saúde.

Como a Doença Celíaca Se Manifesta?

A doença celíaca ocorre quando a proteína gliadina, componente do glúten, entra em contato com as células do intestino delgado, causando uma reação imune. Essa reação resulta em danos às vilosidades intestinais, estruturas responsáveis pela absorção de nutrientes. Com a destruição dessas vilosidades, a absorção de nutrientes torna-se comprometida, o que pode levar a deficiências nutricionais.

A manifestação da doença pode ocorrer em qualquer idade e varia de pessoa para pessoa. Além disso, os sintomas podem surgir em diferentes momentos da vida, o que torna o diagnóstico mais desafiador.

Formas Clínicas da Doença Celíaca

A doença celíaca pode se manifestar de diversas formas clínicas:

  • Forma clássica: Comumente aparece nos primeiros anos de vida, com sintomas como diarreia crônica ou constipação, anorexia, vômitos, emagrecimento, atraso no crescimento, dor e distensão abdominal, entre outros.
  • Forma não clássica: Pode surgir mais tarde na infância e é caracterizada pela ausência de sintomas digestivos evidentes. A pessoa pode apresentar sintomas como baixa estatura, anemia resistente ao tratamento com ferro, artrite, osteoporose, entre outros.
  • Forma latente: Pacientes podem ter biópsia do intestino delgado normal enquanto consomem glúten, mas podem desenvolver atrofia das vilosidades intestinais posteriormente. Com a retirada do glúten da dieta, as vilosidades podem se regenerar.

Diagnóstico da Doença Celíaca

O diagnóstico da doença celíaca envolve uma anamnese detalhada, exame físico, análise histopatológica do intestino delgado e a avaliação dos marcadores séricos no sangue, como anticorpos específicos. O diagnóstico definitivo geralmente é feito por meio de biópsia intestinal, que mostra as vilosidades atrofiadas e aumento dos linfócitos intraepiteliais.

O Papel do Nutricionista no Tratamento

O tratamento da doença celíaca é fundamentalmente dietético. A única maneira de controlar a doença é a eliminação do glúten da alimentação. Portanto, o nutricionista desempenha um papel essencial no planejamento alimentar, ajudando os pacientes a seguir uma dieta rigorosamente livre de glúten, além de orientá-los sobre a escolha de alimentos adequados.

O nutricionista é responsável por:

  • Orientar o paciente sobre o que pode e o que não pode ser consumido.
  • Evitar a monotonia alimentar ao sugerir alternativas de alimentos sem glúten.
  • Ajudar na transição alimentar, garantindo que a adaptação à dieta seja o menos traumática possível.
  • Acompanhar a adesão à dieta, garantindo que o paciente consiga manter o controle da ingestão de glúten e melhorar sua qualidade de vida.

A adesão à dieta sem glúten é crucial para a melhoria dos sintomas e da saúde do paciente, mas pode ser desafiadora. A Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA) aponta alguns dos principais desafios enfrentados pelos pacientes:

  1. Falta de orientação sobre a doença e sobre o preparo adequado dos alimentos.
  2. Dificuldades financeiras para adquirir produtos sem glúten, que costumam ser mais caros.
  3. Falta de habilidade culinária, o que dificulta o preparo de refeições sem glúten.
  4. Hábito de consumo de alimentos com farinha de trigo, que pode ser difícil de abandonar.

Qualidade de Vida e Autonomia

Adotar uma dieta sem glúten não afeta apenas o consumo de alimentos, mas também a qualidade de vida do paciente. Embora o controle rigoroso da dieta exija mudanças significativas, com o apoio adequado, como o fornecido pelo nutricionista, as pessoas com doença celíaca podem viver de forma saudável e com bem-estar.

Neste Dia do Trigo, é importante lembrar que, embora o trigo seja um alimento básico em muitas culturas, ele pode representar um risco significativo para aqueles que têm doença celíaca. A conscientização sobre a doença e a correta orientação dietética podem ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição.

Como nutricionista, você desempenha um papel essencial nesse processo, não apenas ajudando na adaptação da dieta, mas também promovendo a educação e a conscientização, tornando mais fácil para os pacientes conviverem com a doença celíaca de maneira saudável.

Referência

  • Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida [Internet]. Rev. Nutr., 2010. DOENÇA CELÍACA [acesso em 4 Nov 2021]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rn/a/CWKQ7fDBKfF7g88gRvy4jMG/?lang=pt10 de novembro: dia do Trigo [homepage na internet]. Agrolink, 2014. 10 de novembro: dia do trigo [acesso em 4 Nov 2021]. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/10-de-novembro–dia-do-trigo_209364.html  

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