Todo dia devia ser o dia sem dieta

Falhamos com a palavra “dieta”! Todo nutricionista já ouviu a história de que esta palavra se originou do grego (díaita) […]


Falhamos com a palavra “dieta”! Todo nutricionista já ouviu a história de que esta palavra se originou do grego (díaita) e significa “modo de vida”, ao mesmo tempo todo nutricionista foi ensinado – em dietoterapia – a calcular quantidades de alimentos e nutrientes que devem ser ingeridos por uma pessoa com uma determinada enfermidade para que recupere a sua saúde.  

Mas a verdade é que, há um bom tempo, dieta tem um significado diferente no senso comum: dieta é restrição; dieta é magreza; dieta é sofrimento; dieta é punição. Dieta virou o pior tipo de “modo de vida” que alguém possa assumir e, ironicamente, está bem longe de ser relacionado a saúde.  

Não à toa, há mais de 30 anos foi estabelecido o “Dia Internacional Sem Dieta” – uma data simbólica que, enquanto não for abraçada por todos os profissionais de nutrição e saúde, serve como um importante lembrete de que todo dia devia ser o dia sem dieta. 

Em 05 de maio de 1992, a britânica Mary Evans Young organizou um pequeno evento onde algumas mulheres usaram com orgulho um adesivo com os dizeres “Ditch That Diet” (abandone esta dieta), almejando um reconhecimento internacional para combater a cultura da magreza e a obsessão por dietas, promovendo um dia de trégua na batalha constante contra o próprio corpo e discussões importantes sobre saúde, beleza e autoaceitação.  

De fato, o reconhecimento internacional chegou (ao ponto do dia passar a ser celebrado em 06 de maio para não conflitar com um feriado norte americano) – junto com diversas evidências dos prejuízos das práticas de dieta. 

É fundamental destacar que, apesar de tudo o que nutricionista aprende na faculdade, dieta tem um só significado na cabeça das pessoas que não estudaram na área. Quando uma pessoa comum fala em dieta, ela não está pensando em um planejamento alimentar equilibrado para um enfermo hospitalizado, tão pouco em recomendações importantes para o manejo de uma condição como diabetes – ela está pensando em uma dieta restritiva, e uma dieta restritiva com um único objetivo: emagrecer. Sim, esta é uma generalização, mas se esta generalização não for considerada, nunca será possível se libertar desse rumo perigoso que prejudica não só a saúde das pessoas, como também o futuro profissional dos nutricionistas.  

Associar magreza à saúde, sem considerar diversos fatores associados é um erro primário (saiba mais lendo o artigo) e uma desculpa para fomentar o preconceito com as pessoas gordas. Afinal, se fazer dieta fosse sobre saúde e não sobre emagrecer a qualquer custo, não teriam pessoas utilizando medicamentos sem indicação médica ou aprovação dos órgãos competentes para este fim, nem pessoas morrendo por tentativas absurdas de se enquadrar em padrões de beleza.  

Afinal, por que fazer dieta faz mal? 

Antes de fazer mal, a prática de dietas não funciona. Apesar de ser possível encontrar relatos e até mesmo artigos científicos duvidosos que sugerem meios para a perda de peso por meio de controle da alimentação, não existem evidências robustas de estratégias que promovam a perda de peso a longo prazo. É fácil observar isso nos números da obesidade em âmbito mundial, que não param de crescer – mas também é possível enumerar diversos mecanismos bem descritos que mostram como a privação de ingestão energética altera o metabolismo e a composição corporal, aumentando nossa eficiência calórica e mecanismos de compensação (veja mais em lendo o artigo) – em outras palavras, fazer dieta engorda. 

E esse é só começo, pois a restrição alimentar ainda pode desencadear distúrbios neuroendócrinos, alterações importantes no intestino, ser precursora de dificuldades sociais, promover comportamentos transtornados e até transtornos alimentares. 

Como ser nutricionista e não trabalhar com dietas? 

Apesar de todo o histórico recente da profissão, é possível ser um profissional diferente com uma pequena mudança: deixar de olhar exclusivamente para nutrientes que são ingeridos e calorias que são gastas.  

Olhe para o todo e faça algumas perguntas para você mesmo: O que fez essa pessoa comer este determinado alimento, nesta determinada quantidade neste dia e horário? Onde ela estava? Com quem ela estava? Com que velocidade ela comeu? Com qual nível de atenção ela comeu? O quanto ela percebeu que ingeriu? 

Essas são só algumas perguntas aleatórias que compõem um entendimento maior sobre a alimentação de um indivíduo e todos os comportamentos relacionados. Diversas estratégias já foram estruturadas (e vêm apresentando bons resultados a longo prazo) para ampliar este olhar do profissional sobre a alimentação de quem busca ajuda: comer intuitivo, mindful eating, entrevista motivacional, terapia cognitivo comportamental, e competências alimentares são alguns exemplos. 

Pensando justamente em sistematizar essas estratégias para a prática do nutricionista (e indo muito além de não praticar dietas), a abordagem Nutrição Comportamental foi idealizada. Tanto nos livros publicados, como nos eventos e cursos oferecidos pelo Instituto Nutrição Comportamental, são apresentados embasamentos teóricos e exercícios práticos para a realidade do nutricionista que se propõe a ir além e promover a saúde, sem causar danos. 

O caminho para uma sociedade que valoriza a saúde (e não conceitos deturpados de saúde) acima de tudo é longo e desafiador, mas iniciativas como o Dia Internacional Sem Dieta são essenciais para que se possa falar sobre isso para um público mais amplo – provavelmente, em 1992, Mary Evans Young não tinha em mãos evidências robustas sobre as consequências negativas da prática de dietas, mas sua vivência e coragem foram suficientes para que até hoje ela possa inspirar profissionais da saúde serem de fato, profissionais da saúde e aspirar a uma relação mais saudável e equilibrada com a comida e com os corpos. 

Nutri, aproveite e participe do 10º Congresso Brasileiro de Nutrição Comportamental, que acontecerá nos dias 24 e 25 de maio de 2024, no Centro Universitário Senac – Santo Amaro. 

Esta é uma ótima oportunidade para você se aperfeiçoar através de conteúdos e palestras que irão te auxiliar no dia a dia do consultório no âmbito do comportamento alimentar. 

Além disso, nutricionistas ou estudantes que acompanham a Academia da Nutrição, possuem um desconto especial no momento da compra do ingresso. 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 


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