Nutrição Sem Estereótipos: Desafios e Impactos na Sociedade 

Atualmente, as imagens disseminadas pela mídia e pelas redes sociais promovem um ideal inatingível de magreza, alimentando a obsessão por […]


Atualmente, as imagens disseminadas pela mídia e pelas redes sociais promovem um ideal inatingível de magreza, alimentando a obsessão por dietas da moda, exercícios extremos e procedimentos estéticos. Nesse contexto, a nutrição é muitas vezes vista como um mero instrumento de formatação corporal, ignorando sua importância fundamental para a saúde. A aversão à gordura e a obsessão pela magreza têm raízes profundas na sociedade, principalmente entre as mulheres, e precisam ser combatidas. 

Culto ao Corpo e a Pressão Social 

A imagem corporal apresentada pelas mídias à sociedade é a de um corpo perfeito padronizado, havendo uma procura em adquirir os objetos elencados como garantias de satisfação pessoal na consecução destes ideais estéticos. Contudo, os corpos transformados pelo consumo de objetos em busca de satisfações geram, na maioria das vezes, angústia devido às pressões para adaptação dos indivíduos aos padrões estéticos. 
 

Primeiramente, é essencial compreender que a obesidade transcende a mera força de vontade individual. Questões econômicas, influências da mídia e problemas sociais contribuem para a complexidade desse problema. Diante da enxurrada de desinformação sobre alimentação e saúde que circula nas redes sociais e na mídia, o CRN-3 lançou a campanha Nutrição Sem Estereótipo (NSE), buscando desconstruir padrões e promover uma abordagem mais saudável e equilibrada em relação à alimentação e ao corpo. 
 

A Campanha Nutrição Sem Estereótipo (NSE) 
 

Além disso, em meio a esse debate, surge a questão: toda mulher deve ser magra? “Devemos questionar essas definições impostas pela sociedade e pela mídia”, enfatiza Rodrigo Daniel Sanches, consultor científico do Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região. A promoção de uma nutrição sem estereótipos é essencial para garantir que cada indivíduo possa desenvolver uma relação saudável com a comida e com o próprio corpo, sem ceder à pressão por expectativas irrealistas de beleza. 

 
A NSE, cujos objetivos são fomentar uma cultura mais inclusiva e saudável, desafiando os estereótipos relacionados à alimentação e ao corpo, reconhecer e celebrar a diversidade de corpos e escolhas alimentares, e conscientizar sobre como os estereótipos impactam negativamente a autoestima e a saúde mental, especialmente das mulheres, foi oficialmente lançada no maior congresso de Nutrição da América Latina – Conbran, de 21 a 24 de maio em São Paulo. 

O Impacto dos Estereótipos e das Redes Sociais 
 

A pressão social em relação à imagem corporal tem aumentado significativamente, resultando na prevalência do estereótipo de beleza e corpo idealizado. Este fenômeno contribui para o aumento das infrações éticas relacionadas à exposição de imagens corporais de pacientes e do próprio profissional. Além disso, há um uso inadequado das redes sociais para divulgar a prestação de serviços de maneira sensacionalista, exacerbando ainda mais a busca por um corpo perfeito. 

A Prevalência dos Estereótipos de Beleza 

Consequentemente, estereótipos são conceitos ou imagens preconcebidas, padronizadas e generalizadas pelo senso comum. Normalmente, são utilizados para delinear e rotular distinções quanto à aparência e ao comportamento. Na atualidade, circulam velozmente e arbitrando sobre tópicos variados, da alimentação e saúde ao culto ao corpo, da moda à idealização da gravidez. 

 A determinação na busca pelo corpo magro está atrelada ao ver e ser visto (seja na vida real ou virtual). O corpo deve ser mostrado. E o modelo triunfante da magreza, invejado e copiado a qualquer custo, torna-se um novo peso. 

A aversão a engordar está enraizada no nosso cotidiano, principalmente entre as mulheres. No universo midiático de boa forma, beleza e vida saudável, o corpo da mulher é difundido como perfeitamente magro. E a nutrição, nesse contexto, é vista como um instrumento de formatação corporal.  

É importante entender que a obesidade não se resume apenas à força de vontade individual. Ela envolve uma complexidade de fatores econômicos, influências midiáticas e questões sociais. 

Portanto, é preciso combater o preconceito e a obsessão pela magreza a qualquer custo, que ocorre frequentemente em detrimento da própria saúde. São padrões sociais que reproduzimos sem pensar, porque já fazem parte do nosso tecido social. A estética da magreza é fruto do avanço do mercado de cosméticos, da indústria da beleza e da estética, gerando uma obsessão narcísica em todas as camadas sociais e idades. O estereótipo da magreza impõe expectativas irreais, associando a magreza extrema à felicidade, sucesso, prestígio, status social, bem-estar e resolução de problemas. 

Promovendo uma Nutrição Sem Estereótipos 

Para concluir, é essencial reconhecer que dietas restritivas, excesso de exercícios físicos, frustração, vergonha, baixa autoestima, ansiedade, depressão e transtornos alimentares comprometem a relação de uma pessoa consigo mesma e com a comida. O estereótipo de magreza, frequentemente visto como uma característica inerente ao profissional nutricionista, molda sua identidade cultural, com as redes sociais desempenhando um papel significativo na criação e perpetuação desses estereótipos. 

Devemos incentivar a busca por um corpo saudável em vez de perfeito, promovendo uma relação positiva com o corpo, a autoimagem, a alimentação e os alimentos. É crucial evitar comparações corporais – cada indivíduo é único. Reconhecer, valorizar e respeitar a diversidade de formas e tamanhos corporais é fundamental. 

A pressão para se adequar aos padrões físicos preestabelecidos pela sociedade leva o profissional nutricionista a ser visto como um meio crucial para atingir esses ideais, adaptando-se aos padrões antropométricos vigentes. Vivemos em uma sociedade marcada por valores como consumismo, individualismo, busca incessante por sucesso e acúmulo de bens materiais. Nesse contexto, o corpo se torna um objeto de consumo, diretamente associado à imagem de poder, beleza e mobilidade social.  

Promover uma nutrição livre de estereótipos, como propõe a campanha Nutrição Sem Estereótipo (NSE), é essencial para estabelecer uma relação equilibrada e saudável com a alimentação e o próprio corpo, desafiando e desconstruindo os padrões idealizados impostos pela sociedade. É através dessa abordagem inclusiva e consciente que podemos fomentar uma cultura de aceitação e bem-estar, garantindo que cada indivíduo possa viver de maneira saudável e autêntica. 

Referências bibliográficas: 

  • 1.Padrões e estereótipos midiáticos na formação de ideais estéticos em adolescentes do sexo feminino – ProQuest [Internet]. www.proquest.com. [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.proquest.com/openview/705698ebd58f6a8f379326b259c3e1cb/1?pq-origsite=gscholar&cbl=4708196 
  • 1.Dos Santos Lovato C, Da Cruz A. Profissional nutricionista: sua percepção sobre as cobranças externas relacionadas à sua imagem corporal e estereótipos. Ideação. 2020 Jun 5;22(1):199–214. 
  • CRN3 – Notícia [Internet]. www.crn3.org.br. [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.crn3.org.br/noticia/nutricao-sem-estereotipos-desconstruindo-padroes-e-promovendo-a-saude 
  • Dra P, Osvaldinete L, De O, Silva. Nutrição Sem Estereótipos na promoção da saúde [Internet]. [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.crn3.org.br/arquivos/conbran-nsepdf.pdf 
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