O mercado de produtos Plant Based se encontra em visível ascensão. Cada dia aparecem mais e mais lançamentos, de novas e antigas marcas ou linhas de produtos, de alimentos que imitam aqueles cujo ingrediente principal é de origem animal.E como isso pode impactar a cultura alimentar? É a partir do surgimento de leites feitos de diferentes oleaginosas, carnes feitas de plantas, sorvetes sem leite e outros, que surge o seguinte questionamento: estaríamos caminhando para o futuro e remanejando nossa alimentação, ou estamos deixando de lado nosso passado e tradições alimentares a partir da substituição de produtos de origem animal que são a base da preparação? Afinal: feijoada plant based é realmente uma feijoada? O crescimento do plant based Apesar do seu crescimento mais notável e indiscutível ser mais recente, a indústria do Plant Based já não pode mais ser considerada uma novata do mercado de alimentos. Já faz muitos anos que as empresas vêm apostando em propostas de alimentos livres de ingredientes de origem animal, seja pensando na saudabilidade, seja por conta dos ideais da marca. Ou até mesmo pela busca por um novo nicho de clientes. As marcas pioneiras nesse ramo, lutaram por muito tempo pela conquista de espaço tanto nas prateleiras dos mercados, quanto na dos consumidores. Foi preciso tempo e investimento para que esse setor aumentasse, e atualmente temos ele como um dos espaços mais promissores da indústria de alimentos. Hoje em dia, as marcas contam com uma série de fatores que não apenas justificam, mas também dão suporte a este grande e contínuo crescimento: a cada ano aumenta o público que busca por uma alimentação com menos alimentos de origem animal. Além disso, o avanço da tecnologia permitiu que as plantas e seus compostos fossem explorados de maneira inovadora, dando origem às mais diversas possibilidades que antes eram inaplicáveis no contexto de uma indústria de alimentos. Isso porque há uma série de fatores que o produto deve contemplar para que possa ser comercializado e ainda traga benefícios à sua produtora, entre eles:ele deve ter um bom tempo de prateleira;ter um bom custo benefício (tanto ao consumidor quanto ao produtor);seguir normas e padrões da ANVISA ; Voltando ao tema das tecnologias: elas têm possibilitado cada vez mais o desenvolvimento de novos produtos, e estes estão indo além de encontrar seu espaço nos hábitos alimentares do brasileiro, inclusive substituindo outros. As receitas tradicionais estão perdendo espaço? Que tal uma feijoada?Esse é um exemplo de mudança na composição de pratos tradicionais da cultura brasileira: originalmente sua receita original leva linguiça, rabo, pé e orelha de porco. Entretanto, com a inserção do plant based surgem novas versões que substituem a carne de porco por carnes vegetais. Apesar de todo o investimento financeiro, tecnológico e de tempo, ainda não há uma carne de plantas que imite com total perfeição o produto original. Então, estaria essa substituição descaracterizando a receita de um alimento tão tradicional e antigo? Manter ou não a tradição? A perda das tradições alimentares é uma questão que vem acometendo as mais diversas culturas. Foi a partir da revolução verde e segunda guerra mundial que foram desenvolvidos os alimentos processados e ultraprocessados, sendo que estes últimos têm como base compostos provenientes da monocultura. A mudança na forma de plantio, produção e distribuição de alimentos afetou todos países, mas sobretudo os subdesenvolvidos que se tornaram palco da monocultura, ou seja, tiveram todo o seu sistema alimentar modificado para suportar a nova forma de plantio que, consequentemente, alterou as antigas formas de se conseguir o alimento e consumi-lo. Atualmente, existem diversos movimentos que visam a recuperação dessa cultura alimentar (e de produção como um todo), há um processo de resgate, resistência e manutenção dos hábitos alimentares que foram desenvolvidos com esses movimentos e causaram maiores perdas. Sendo assim, o esperado é que a recuperação destas receitas e culturas traga também a essência e real sabor, textura e palatabilidade do que sempre foram. E isso acaba se tornando um desafio quando há a substituição de um alimento por outro, principalmente se eles forem muito diferentes, como é o caso da troca de produtos de origem animal pelos plant based. O resgate de culturas vai além da reprodução de receitas Por outro lado, a ideia do resgate de culturas deve ir além da simples reprodução da receita: ela deve também ser apreciada. E tal apreciação só é possível quando o alimento consegue unir tanto os sabores da atualidade quanto realizar esse resgate de costumes, sabores e história. Isso porque, ignorar a atualidade e não realizar adaptações só trará de volta a lembrança do que um dia fora costume, e não o trará de volta aos hábitos de uma população. Sendo assim, é importante garantir que as refeições mais tradicionais continuem sendo apreciadas no dia de hoje. Ainda, os defensores do plant based têm o argumento de que não são apenas as suas substituições que acontecem: mesmo no exemplo da feijoada, ela é muito comercializada com diferentes tipos de carne, muitas vezes em substituição às partes do porco que têm menor aceitação. Além disso, a incorporação de alimentos plant based nas receitas tradicionais também contribui para a inclusão de pessoas que têm restrições alimentares, seja por motivos de saúde ou até mesmo por escolha própria, em momentos de comensalidade. É fundamental ressaltar que o ato de comer com companhia e de forma integrada ao momento da refeição é muito valioso aos hábitos alimentares de um indivíduo, como é ressaltado no Guia Alimentar para a População Brasileira. Afinal, feijoada Plant Based ainda é feijoada? Existem muitos pontos que ainda podem ser destacados e levados em consideração nessa discussão sobre a adaptação de receitas tradicionais para o plant based. Mas agora é com você, Nutricionista! Nos conte mais sobre o que você pensa do assunto, e se tem novos argumentos sobre qualquer um dos lados. Vamos enriquecer mais essa discussão, pontos e contrapontos! E para você que gosta de uma polêmica, esse não é nosso primeiro post com pontos e contrapontos: clique aqui e acesse nosso artigo sobre a Low Carb
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