Nutrição e Prevenção do C��ncer de Mama: Abordagem Científica 

Saiba como a nutrição equilibrada e o exercício físico ajudam a prevenir o câncer de mama.


De acordo com uma matéria publicada pelo Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) em 07 de outubro de 2024, cerca de 40% dos casos de câncer de mama podem ser prevenidos com uma alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas.  

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, até 2025, 73.610 novos casos da doença serão registrados no Brasil. Isso evidencia a importância de intervenções nutricionais e educacionais para reduzir a prevalência da doença.  

Como nutricionistas, é nosso papel fornecer orientações baseadas em evidências científicas para apoiar não apenas a prevenção, mas também o manejo adequado durante o tratamento, evitando recomendações restritivas sem base científica. 

Nutrição e Câncer de Mama: Evidências sobre Prevenção 

A nutrição desempenha um papel crucial na prevenção do câncer de mama, e diversas pesquisas apontam para o impacto positivo de uma dieta equilibrada. A ingestão regular de alimentos ricos em fibras, antioxidantes e fitoquímicos, como frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas, está associada a um menor risco de desenvolver a doença.  

Estudos mostram que esses alimentos possuem compostos bioativos capazes de modular vias metabólicas envolvidas na carcinogênese, incluindo a redução do estresse oxidativo e da inflamação. A curcumina, presente no açafrão-da-terra, é amplamente estudada por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, com potencial de interferir em vias como a NF-kB, relacionadas à inflamação e ao desenvolvimento de câncer (Dutta, 2015) . Além disso, os polifenóis, encontrados em frutas, vegetais, chá verde e vinho tinto, têm sido apontados como moduladores de estresse oxidativo e vias de sinalização, com diversos alvos moleculares envolvidos na prevenção do câncer (Scalbert et al., 2005) . 
Além disso, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares e gorduras saturadas tem sido associada à diminuição dos fatores de risco para o câncer de mama, como obesidade e resistência à insulina.  

A obesidade, especialmente a visceral, é um dos principais fatores de risco modificáveis para o câncer de mama, já que o excesso de gordura corporal eleva os níveis de estrogênio e de outros hormônios que podem favorecer o desenvolvimento de tumores. 

O Papel do Exercício Físico na Prevenção e Tratamento 

A atividade física regular é outro fator crucial na prevenção do câncer de mama. Além de auxiliar no controle do peso corporal, o exercício reduz marcadores inflamatórios, melhora a função imunológica e regula a sensibilidade à insulina, todos fatores que contribuem para a diminuição do risco de câncer.  

Para as pacientes em tratamento, a prática regular de exercícios pode ajudar a reduzir os efeitos colaterais do tratamento oncológico, como a fadiga e a perda de massa muscular, além de melhorar a resposta imunológica e promover maior qualidade de vida. 

Diretrizes internacionais sugerem que adultos devem praticar ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana para alcançar benefícios preventivos e terapêuticos no câncer de mama. Para as mulheres em tratamento, a recomendação deve ser adaptada, levando em consideração o estado geral da paciente e as limitações impostas pelo tratamento. 

Desmistificando Dietas Restritivas: O Combate ao Terrorismo Nutricional 

Um dos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde, especialmente nutricionistas, é o combate à desinformação disseminada nas redes sociais e outros meios de comunicação. Muitas pacientes são expostas a dietas restritivas e modismos alimentares que não possuem respaldo científico, o que pode prejudicar seu estado nutricional durante o tratamento do câncer de mama. 

Dietas extremas, como a exclusão de grupos alimentares ou o consumo excessivo de determinados alimentos com supostas propriedades “anticancerígenas”, podem levar à desnutrição e à perda de massa magra, comprometendo a resposta imunológica e aumentando os riscos de complicações.  

Não há evidências científicas robustas que justifiquem a adoção de dietas restritivas para pacientes oncológicas. Pelo contrário, a abordagem nutricional deve ser equilibrada, individualizada e voltada para garantir o aporte adequado de nutrientes que promovam a recuperação e o bem-estar. 

Mamografia e Detecção Precoce: Uma Abordagem Complementar 

Além das medidas nutricionais e da prática de exercícios físicos, a detecção precoce do câncer de mama por meio da mamografia é uma estratégia fundamental para o controle da doença. O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos realizem a mamografia de rastreamento a cada dois anos.  

A detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura, já que o diagnóstico em estágios iniciais do câncer permite intervenções terapêuticas menos invasivas e com melhores prognósticos. 

A educação nutricional, aliada à promoção de hábitos saudáveis e ao incentivo ao diagnóstico precoce, deve fazer parte das ações preventivas realizadas por nutricionistas em conjunto com outros profissionais de saúde. A integração dessas abordagens potencializa os resultados e fortalece a adesão às recomendações. 

A prevenção do câncer de mama é uma questão de saúde pública que requer uma abordagem interdisciplinar, na qual a nutrição desempenha um papel essencial.  

Dietas equilibradas, baseadas em evidências científicas, aliadas à prática de exercícios físicos regulares e à detecção precoce, são estratégias comprovadas para reduzir o risco da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes. 

Para os nutricionistas, é crucial combater a desinformação e o terrorismo nutricional, que podem colocar em risco a saúde das pacientes. A orientação deve ser clara, baseada em evidências e centrada no bem-estar da paciente, garantindo que ela receba os nutrientes necessários para enfrentar o tratamento com segurança e confiança. 

 Para aprofundamento no tema, recomenda-se a leitura da publicação do INCA “Dieta, nutrição, atividade física e câncer: uma perspectiva global”, que oferece uma visão detalhada sobre as interações entre esses fatores e a prevenção do câncer. 

Referências bibliográficas: 

Instituto Nacional de Câncer (INCA). Dieta, nutrição, atividade física e câncer: uma perspectiva global – um resumo do terceiro relatório de especialistas com uma perspectiva brasileira [Internet]. Disponível em: https://www.inca.gov.br 

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