A obesidade e o consumo alimentar – determinantes intrínsecos e extrínsecos

Cerca de 20,3% da população Brasileira sofre com a obesidade, de acordo com a última Pesquisa de Vigilância de Fatores […]


Cerca de 20,3% da população Brasileira sofre com a obesidade, de acordo com a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel),  (2019).  Sabe-se que a obesidade é multifatorial: suas origens podem ser genéticas, metabólicas, psicológicas, comportamentais e ambientais.   Infelizmente, ainda existe muito estigma por grande parte da população ao acreditar que os únicos determinantes são o consumo calórico e o nível de atividade física do indivíduo.  Porém, mesmo que estes tópicos tenham certa influência na manutenção do quadro, ainda existem muitos outros aspectos que por si só determinam o comer e a atividade física das pessoas.  É uma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT), e em vista de sua prevalência e complexidade, recebe destaque no dia 4 de março, definido como Dia Mundial da Obesidade.  Por conta disso, hoje a Academia da Nutrição trás para vocês os “Fatores que influenciam o consumo alimentar”, Capítulo 4 do “Posicionamento Sobre o Tratamento Nutricional do Sobrepeso e da Obesidade”, documento lançado no último ano pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).  A soma dos determinantes extrínsecos é responsável pela criação de padrões comportamentais relacionados à nossa alimentação, enquanto os intrínsecos são responsáveis pela manutenção e perpetuação deles. É de se compreender a dificuldade de mudar um comportamento na fase adulta, mas ainda sim é plenamente possível que isso ocorra.  Determinantes intrínsecos da obesidade Comer é uma necessidade metabólica do organismo humano, e para garantir que essa demanda será cumprida existem mecanismos fisiológicos que a regulam.  O trato gastrointestinal e o tecido adiposo enviam sinais para o sistema nervoso central que afetam a fome, a saciedade, a motivação para comer e a recompensa gerada ao experimentar determinados alimentos. Alguns dos principais atores do controle do apetite são o hipotálamo, responsável pelo controle homeostático, o sistema mesolímbico, responsável pelo controle hedônico, e o lóbulo frontal, responsável pelo controle executivo. O tecido adiposo, o pâncreas e o intestino são responsáveis por mediar a comunicação entre os fatores homeostáticos e hedônicos. As características sensoriais dos alimentos permitem perceber aspectos químicos e físicos dos mesmos que, associados ao prazer gerado ao comer, determinam se o indivíduo irá ingerir ou não determinada comida. Este é um comportamento que se molda ao longo de toda nossa vida. É possível utilizar informações adquiridas sobre alimentação e nutrição para ajudar a realizar melhores escolhas alimentares, mas sozinhas elas não conseguem determinar uma escolha, uma vez que os mecanismos responsáveis pelo prazer e pela recompensa conseguem ser motivadores maiores do que a própria homeostasia. Sendo assim, é necessário aliar esse conhecimento a outros determinantes extrínsecos para que o indivíduo consiga ter decisões melhores sobre as suas refeições. A obesidade e seus determinantes extrínsecos Os nossos hábitos e comportamentos são bastante influenciados pelo meio no qual estamos inseridos, e com alimentação não ocorre diferente. O ambiente físico, econômico, social e cultural é o que molda as nossas ações. Para gerar mudanças no nosso padrão de alimentação é necessário sim um entendimento sobre a qualidade de alimentos, mas é preciso também de disciplina, planejamento, tempo livre e algumas habilidades culinárias para o preparo de refeições melhores.  Além disso, aspectos socioeconômicos como custo e disponibilidade dos alimentos fogem do nosso controle e influenciam bastante nas escolhas alimentares. Muitas vezes, as opções de produtos possíveis de compra são aqueles menos frescos, com menos nutrientes e maior densidade calórica. Em um contexto familiar, desde bebês somos expostos a determinados grupos alimentares e preparações de forma a criar uma cultura alimentar, gerando julgamentos positivos e negativos a preparações que seguirão os indivíduos por toda sua fase adulta. Ao considerar um contexto social, percebemos que a grande maioria das decisões alimentares ocorre de maneira coletiva, e menos de maneira individual. Isso se aplica ao realizar uma escolha alimentar para outra pessoa, mas também ao ser influenciado por terceiros para selecionar o que será ingerido por si. No cotidiano, agimos de maneira induzida diretamente pelas pessoas que estão ao nosso redor e indiretamente por grandes corporações e ações governamentais, que chegam a nós através dos mais diversos meios de comunicação.  Levando para a prática nutricional A ABESO também nos traz algumas das recomendações com o maior nível de evidência de como agir nos casos de pacientes com sobrepeso e obesidade. Estratégias de Educação Nutricional, de forma a difundir informações sobre a qualidade dos alimentos e auxiliar, quando for possível, na realização de uma escolha alimentar; Oferecer opções de preparações que possuam uma menor densidade energética, mas que mantenham a palatabilidade dos alimentos; Estratégias comportamentais que auxiliem na adesão a longo prazo nas mudanças propostas aos indivíduos.  Nutri, você já considera em sua abordagem e prática no consultório a complexidade dos processos que levam as pessoas às escolhas que elas fazem?  Conte como tem sido atender e ajudar os pacientes com sobrepeso e obesidade, deixando sua percepção no comentários desse artigo!  Referências ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Fatores que influenciam o consumo alimentar. In: ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Posicionamento Oficial da ABESO – Atualização 2022. São Paulo: ABESO; 2022. p. 55-64.  ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mapa da Obesidade. ABESO. Disponível em: . Acesso em: 06 Mar 2023. 


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