Doenças Cardiovasculares: O Que Saber sobre Escore de Risco

Entenda o escore de risco de Framingham, suas limitações e como ele ajuda na avaliação de doenças cardiovasculares. Consulte sempre um profissional de saúde.


O Escore de Risco de Framingham é uma ferramenta popularizada para a avaliação do risco de doenças cardiovasculares, especialmente entre o público leigo. Esse escore foi desenvolvido pela American Heart Association e American College of Cardiology com base no Framingham Heart Study, iniciado em 1948, que continua até hoje, gerando dados epidemiológicos valiosos. No entanto, é fundamental entender que, embora esses calculadores sejam amplamente utilizados, sua interpretação deve sempre ser feita dentro de um contexto clínico, sob a orientação de profissionais capacitados, como destacado por Lotufo em seu artigo.

Principais Fatores de Risco para Doenças Cardiovasculares

De acordo com o artigo “O escore de risco de Framingham para doenças cardiovasculares”, publicado na Revista de Medicina, os principais fatores de risco incluem:

  • Hipertensão arterial
  • Dislipidemias (alterações nos níveis de colesterol e lipídios)
  • Tabagismo
  • Diabetes mellitus

Esses fatores, identificados ao longo do Framingham Heart Study, têm sido fundamentais para a criação de modelos de previsão de risco cardiovascular. Eles ajudam a estimar a probabilidade de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e angina do peito, para os próximos 10 anos.

A Evolução do Escore de Risco

Nos anos 90, a abordagem para as doenças cardiovasculares era simplista, considerando principalmente um fator de risco isolado (como hipertensão ou colesterol elevado). Porém, ao longo dos anos, essa visão evoluiu, e passou-se a considerar fatores múltiplos no risco cardiovascular. Um marco importante foi a diretriz da Nova Zelândia, que, baseada no estudo de Framingham, começou a prever o risco cardiovascular para até 5 anos à frente.

Em 1998, o próprio Framingham Heart Study publicou um artigo seminal, que consolidou os conhecimentos acumulados até então sobre fatores de risco, incluindo idade, pressão arterial, níveis de colesterol, tabagismo e diabetes. Este artigo destacou que, de forma crescente, a faixa etária, a pressão arterial sistólica e os níveis de colesterol total aumentam o risco de doenças cardiovasculares, enquanto o HDL (bom colesterol) reduz esse risco.

Limitações do Escore de Risco

Embora útil, o escore de risco de Framingham apresenta algumas limitações. Por exemplo, ele não considera a qualidade da dieta ou a prática de atividades físicas, fatores essenciais na saúde cardiovascular. Além disso, como todo estudo populacional, o escore pode subestimar certos riscos ou apresentar viés. Por isso, deve ser utilizado com cautela, sempre sob a supervisão de um profissional de saúde, que levará em conta o estilo de vida e as condições socioeconômicas do paciente.

Escores de Risco e Doenças Cardiovasculares no Brasil

No Brasil, o escore de Framingham não foi validado para a população brasileira. Em vez disso, utilizamos uma série de diretrizes brasileiras que ajudam na prevenção de doenças cardiovasculares, como:

  • A I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019)
  • A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial
  • A 5ª Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017)
  • As Diretrizes para Cessação do Tabagismo (2008)
  • As Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020)
  • As Diretrizes da Organização Mundial da Saúde para Atividade Física e Comportamento Sedentário
  • As Diretrizes Brasileiras de Obesidade (2016)

Essas diretrizes fornecem uma abordagem mais completa e individualizada para a avaliação e prevenção de doenças cardiovasculares no contexto brasileiro.

Embora as calculadoras de risco baseadas no escore de Framingham sejam populares, é essencial esclarecer ao público que elas não devem ser usadas isoladamente para diagnosticar ou tratar doenças cardiovasculares. A melhor abordagem é buscar a orientação de profissionais de saúde capacitados para uma avaliação completa e personalizada do risco cardiovascular. Além disso, é importante orientar seus pacientes sobre as melhores práticas para prevenir doenças, como a manutenção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada, exercícios regulares e o controle de fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, diabetes e tabagismo.

Assim, você poderá ajudar seus pacientes a compreenderem melhor seus riscos e a tomar as melhores decisões para a prevenção de doenças cardiovasculares.

Referências

  • LOTUFO, Paulo Andrade. O escore de risco de Framingham para doenças cardiovasculares. Revista de Medicina, [S.L.], v. 87, n. 4, p. 232-237, 18 dez. 2008. Universidade de Sao Paulo, Agencia USP de Gestao da Informacao Academica (AGUIA). http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v87i4p232-237. Acesso em: 20 jul. 2021.
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