A flexibilidade metabólica é a capacidade do organismo de alternar entre glicose e ácidos graxos como fontes de energia, dependendo do ganho ou gasto calórico. Após uma refeição, o corpo usa a glicose disponível, mas em períodos de jejum ou gasto energético elevado, como durante o sono, ele recorre às reservas de glicogênio e gordura. Esse mecanismo é fundamental para o equilíbrio energético do corpo.
Estudos de Kelley e colaboradores mostraram que indivíduos eutróficos (com peso saudável) conseguem utilizar ácidos graxos mais eficientemente durante o jejum, enquanto indivíduos obesos apresentam dificuldades em aumentar o uso de ácidos graxos, o que evidencia a inflexibilidade metabólica. A inflexibilidade metabólica é um fator que contribui para a obesidade e dificulta o emagrecimento.
Além disso, o conceito de Peso de Set Point, ou Set Point do Peso Corporal, se refere ao mecanismo homeostático que mantém o peso corporal estável ao longo da vida, ajustando-se conforme o gasto e a ingestão de calorias. No entanto, o corpo é mais eficiente em manter o peso em déficit calórico do que em superávit energético, o que significa que emagrecer pode ser mais desafiador do que engordar.
Patologias como diabetes tipo 2 (DM2), síndrome metabólica, câncer e obesidade alteram a flexibilidade metabólica, dificultando a perda de peso. Isso ocorre devido a uma resposta homeostática que favorece a proteção do peso corporal. Portanto, emagrecer não é uma questão de força de vontade, mas de compreender os mecanismos biológicos do corpo e buscar orientação profissional contínua.
Referências
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