Entrevista com a Nutricionista Sakae: Lições da Cultura Alimentar do Japão

Carolina Godoy entrevistou a nutricionista Sakae, que compartilhou diferenças culturais entre alimentação japonesa e brasileira, desafios nutricionais e práticas holísticas.


Carolina Godoy, Head de Negócios Digitais e Educação na Equilibrium Latam, visitou o Japão para explorar as inovações do mercado de alimentos e saúde. Durante sua viagem, teve a oportunidade de entrevistar Sakae, nutricionista que viveu no Brasil e atualmente atua no Japão, trazendo um olhar comparativo entre as culturas alimentares dos dois países. 

Nessa conversa elas abordam temas como as principais diferenças culturais na alimentação, desafios nutricionais e a integração de práticas tradicionais no cuidado nutricional. 

Japão x Brasil: Diferenças Culturais na Alimentação  

Ao ser questionada sobre as principais diferenças culturais na alimentação entre o Japão e o Brasil, Sakae apontou que a dieta japonesa é muito baseada em arroz, legumes e proteína, com um consumo significativo de soja e peixe, alimentos que, historicamente, fazem parte da cultura local. Ela observou que, apesar da influência da cultura ocidental nos últimos tempos, a alimentação japonesa continua a ser mais focada em alimentos frescos e naturais. 

“Os japoneses são normalmente magros e caminham bastante. Há uma forte relação entre alimentação e estilo de vida ativo.” — Sakae 

Carolina Godoy ressaltou que, em dezembro de 2018, a alimentação japonesa foi reconhecida pela ONU como um modelo global de dieta saudável, uma forma de se alimentar que serve como influência para saúde mundial. 

Desafios nutricionais no Brasil 

Sakai apontou o consumo excessivo de frituras e óleos como um dos maiores erros alimentares no Brasil, associando-o ao aumento dos casos de obesidade. Ela destacou que mais de 50% da população brasileira enfrenta problemas de sobrepeso, conforme dados recentes do IBGE. 

“Essa prática impacta negativamente a saúde metabólica e cardiovascular.” 

Práticas Nutricionais e Abordagem Holística no Japão 

Sakae compartilhou sua experiência profissional no Japão. Ela trabalha em uma clínica que combina nutrição, medicina tradicional japonesa e homeopatia. Segundo Sakae, as abordagens integrativas oferecem um cuidado completo aos pacientes. 

Sakae explicou que, na clínica em que trabalha, a ênfase está em ajudar as pessoas a entenderem a importância da alimentação inteligente, considerando o impacto de cada alimento no corpo e na mente.  

“Tudo que comemos impacta tanto o corpo quanto a mente. Precisamos resgatar práticas ancestrais, como o consumo de alimentos fermentados, para melhorar a saúde intestinal.” — Sakae 

Além disso, Sakae realiza uma anamnese completa antes de recomendar qualquer tipo de prescrição, ouvindo a história de vida do paciente desde a infância. Ela explicou que muitas condições de saúde, como problemas gastrointestinais, podem estar diretamente relacionadas às emoções e não apenas à alimentação.  

“Temos que ver o paciente de forma integral”, afirmou. 

Nutrição nas Escolas Japonesas 

Carol também perguntou sobre o trabalho de nutricionistas nas escolas do país. A nutricionista revelou que, embora não atue diretamente como nutricionista nas instituições de ensino, é vice-presidente de quatro escolas no Japão e observa a atividade das nutricionistas responsáveis.  

No Japão, é obrigatório que cada escola tenha um nutricionista, tanto em instituições públicas quanto privadas. Sakae explicou que as nutricionistas nas escolas japonesas têm como objetivo ensinar as crianças a comerem bem, promovendo o respeito à sazonalidade e à cultura alimentar local.  

Mesmo que o lanche oferecido nas escolas seja padronizado, a ideia é sempre proporcionar uma experiência de aprendizado sobre sabores e técnicas culinárias, ajudando as crianças a se familiarizarem com diferentes alimentos. 

Uma curiosidade compartilhada por Sakae foi o uso do hashi: no Japão, as crianças começam a aprender a usar desde os 2 ou 3 anos de idade. “Se não souberem usar corretamente, têm um truque, um hashi de brinquedo, para aprenderem mais rápido”, explicou com um sorriso. 

A entrevista com a nutricionista Sakae evidenciou como o Japão alia tradição e modernidade para promover uma alimentação saudável e sustentável. No país, a saúde alimentar é tratada de forma holística, com forte valorização das tradições culturais e integração de práticas terapêuticas diversas. 

Além disso, a conversa destacou a relevância de uma abordagem preventiva e educativa, que envolve tanto a conscientização desde a infância quanto a adaptação às necessidades individuais dos pacientes. Esses aspectos podem trazer o modelo japonês como uma inspiração para nutricionistas que buscam soluções eficazes e integradas para melhorar a saúde de seus pacientes. 

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Referências 

  • Um em cada quatro adultos do país estava obeso em 2019; Atenção Primária foi bem avaliada [Internet]. agenciadenoticias.ibge.gov.br. Available from: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/29204-um-em-cada-quatro-adultos-do-pais-estava-obeso-em-2019 
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