A História da Nutrição no Brasil 

Você, nutricionista, já teve a curiosidade de saber como e de onde surgiu a sua profissão? Então, vem com a […]


Você, nutricionista, já teve a curiosidade de saber como e de onde surgiu a sua profissão? Então, vem com a Academia da Nutrição que vamos te contar! 

Não é por acaso que 31 de Agosto foi escolhido para celebrar o Dia do Nutricionista: ele relembra o dia que a Associação Brasileira de Nutricionistas foi fundada, com sede no Rio de Janeiro.  

Em uma data especial como esta, a Academia da Nutrição, que sempre traz notícias, novidades e conteúdos atualizados para todos que a acompanham, levará você por uma viagem no tempo através da história da Nutrição e de como a profissão vem evoluindo até os dias de hoje. 

Cenário mundial da Nutrição 

Embora bastante diferente do que conhecemos hoje como Nutrição, os primeiros vestígios dessa atuação profissional partem da culinária e datam do século XIX.  

Em 1854, a italiana Florence Nightingale, considerada fundadora da Enfermagem moderna e da profissão Dietista, ganha notório destaque ao prestar assistência aos feridos da Guerra da Criméia (atual região da Ucrânia), em Scutari, Turquia. Para além dos cuidados às injúrias, ela se diferenciou ao instalar cozinhas funcionais dedicadas a esses enfermos. 

Já em Ontário, Canadá, há registro das Irmãs da Ordem de Ursulinas atuando, em 1867, no ensino da Economia Doméstica que influenciou, em 1902, a criação do Curso Universitário de Dietistas, na Universidade de Toronto. 

Ademais, devido ausência de outros documentos, acredita-se que apenas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que alimentação e saúde aparecem como interesse de estudo da ciência e pauta de discussão devido problemas encontrados no fornecimento alimentar dos exércitos europeus, devastação e escassez de alimentos. Neste momento, a fome passa a ser vista como um problema de escala mundial. 

O termo Segurança Alimentar começa a ser utilizado na Europa ao se referir a capacidade que os países teriam de produzir os alimentos para a sua população diante da preocupação com possíveis embargos político-militares. 

No contexto das Grandes Guerras que marcaram o século XX e resultaram em milhares de pessoas que passaram a viver situações de fome e miséria, evidencia-se a importância de profissionais que possuam amplo entendimento de saúde pública e alimentação – produção, comercialização e distribuição, mas também para prevenção e tratamento de doenças e manutenção da saúde de forma geral. 

Um reflexo disso está na criação de organizações governamentais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), e também na propulsão que a Nutrição teve até atingir o patamar profissional que se encontra hoje. 

Nutrição no Brasil 

A nível nacional, a história da Nutrição tem seu início antes mesmo de chegar ao Brasil. Foi no ano de 1926, em Buenos Aires, que o médico argentino Pedro Escudeiro fundou o Instituto Municipal de Nutrição, primeira instituição da América Latina dedicada ao ensino e pesquisa da ciência da alimentação. O pai do estudo acadêmico nutricional, como ficou conhecido, também se dedicou no treinamento de outros profissionais latino-americanos para a criação de instituições semelhantes em seus respectivos países. 

Assim, em 24 de Outubro de 1939, o primeiro curso de Nutrição do Brasil é criado no Instituto de Higiene de São Paulo por Geraldo Paula Souza, médico sanitarista que participou também da fundação da OMS. Posteriormente, o Instituto de Higiene veio a se tornar a Faculdade de Saúde Pública da USP, mantendo o curso técnico que atualmente é uma graduação em Nutrição. 

Naquele momento ainda não se configurava uma graduação, e sim um curso técnico de nível médio, em período integral, com a duração de 1 ano e que se propunha formar nutricionistas-dietistas. Três novos cursos de Nutrição foram criados no Rio de Janeiro ao longo da década de 1940: nas Universidades atuais conhecidas como UNI-RIO, UERJ e URFJ. 

A partir dos inquéritos populacionais liderados pelo médico nutrólogo Josué de Castro entre os anos de 1939 e 1941, em 05 de Outubro de 1940 foi criado o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), órgão que gerenciava as instituições responsáveis pela execução das políticas alimentares no Brasil.  

Dentre outros feitos notórios, destaca-se o lançamento do livro Geografia da Fome, em 1946, no qual Castro discute a fome como um problema de origem política e social. 

Em 31 de Agosto de 1949, foi fundada Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), a primeira entidade brasileira a trabalhar defendendo os direitos e interesses da profissão. As Sindicatos estaduais como conhecemos hoje, que lutam também pelos direitos dos trabalhadores, apareceram no cenário apenas a partir do final da década de 1970. 

Na década de 1960 a Nutrição teve dois importantes avanços. O primeiro foi em 19 de outubro de 1962 o Ministério da Educação (MEC), através do Parecer nº 265, estabelece que a Nutrição será um curso de nível superior, com um currículo mínimo e uma duração ampliada para 3 anos. O segundo foi a L ei 5.276, de 24 de abril de 1967 promulgada pelo então Presidente da República, o General Artur da Costa e Silva, que reconhece e regulamenta a Nutrição como profissão.  

Infelizmente, em 1968, o Regime Militar ainda em vigor removeu de circulação os Arquivos Brasileiros de Nutrição, periódico editado por Josué de Castro com o objetivo de abordar e discutir a Nutrição sob as perspectivas biológica e social, causando notáveis prejuízos ao campo de estudo. 

O Programa Nacional de Alimentação e Nutrição, criado em 1972, e a reformulação do currículo mínimo com ampliação da graduação para 4 anos, realizada pelo MEC em 1974, auxiliaram na expansão do ensino e do mercado de trabalho da profissão, fortalecendo-se ainda mais com a Lei 6.583 de 20 de outubro de 1978 que permite a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Nutrição. 

A Lei nº 5.276 foi substituída pela atualizada Lei nº 8.234 de 17 de setembro de 1991, que permanece em vigor até os dias de hoje. 

Atualmente, o CFN reconhece as grandes áreas de atuação: Alimentação Coletiva, Nutrição Clínica, Nutrição em Esportes e Exercício Físico, Saúde Coletiva, Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos, e Ensino, Pesquisa e Extensão, além de 34 especialidades diferentes que os profissionais podem escolher explorar. 

A profissão como conhecemos hoje foi marcada por muita luta em busca de respeito, valorização e direitos de atuar, que resultaram na publicação de leis, resoluções, portarias e pareceres, além do mais recente Código de Ética dos Nutricionistas (2018). 

O time da Academia da Nutrição deseja um feliz Dia do Nutricionista a todos que já são Nutricionistas e também aos que estão estudando para um dia se tornarem. 

Referências Bibliográficas 

  • Brasil. RESOLUÇÃO CFN Nº 689, DE 04 DE MAIO DE 2021. Regulamenta o reconhecimento de especialidades em Nutrição e o registro, no âmbito do Sistema CFN/CRN, de títulos de especialista de nutricionistas. Disponível em: http://sisnormas.cfn.org.br:8081/viewPage.html?id=689.  
  • FERRAZ, Luiza de Freitas. Nutrição no Brasil: surgimento, regulamentação e formas de organização, mobilização e luta dos trabalhadores, na cidade do Rio de Janeiro. 2019. 77 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde) – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019. 
  • Vasconcelos, F. de A. G. de, & Calado, C. L. de A. (2011). Profissão nutricionista: 70 anos de história no Brasil. Revista de Nutrição, 24(4), 605–617. doi:10.1590/s1415-52732011000400009. 

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