Em junho de 2022, foi lançada a segunda edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19, no Brasil – a II VIGISAN.
Este inquérito analisa informações obtidas, entre novembro de 2021 e abril de 2022, e a partir de entrevistas realizadas em mais de 577 municípios, rurais e urbanos.
A análise da Segurança Alimentar e Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, importante instrumento utilizado em diversos estudos e inquéritos brasileiros.
O que é insegurança alimentar?
A insegurança alimentar é caracterizada pela falta de acesso físico, econômico ou social do indivíduo ao alimento e ela pode acontecer por diferentes fatores, como a falta de capital e o difícil acesso a alimentos em determinadas regiões, podendo acontecer em 3 diferentes níveis:
- 1 – Leve: há uma incerteza em relação ao acesso à alimentação em um futuro próximo e/ou a qualidade da alimentação já se encontra comprometida;
- 2 – Moderada: a quantidade de alimentos que a pessoa consome não é suficiente a manutenção de um bom estado de saúde;
- 3 – Grave: há a privação no consumo de alimentos e estado de fome.
Cabe aqui colocar que a Insegurança Alimentar está altamente relacionada às condições de acesso à uma alimentação adequada e digna, sendo importante a qualidade nutricional e social das refeições que são (ou deixam de ser) feitas.
A situação da fome no Brasil
Os resultados obtidos em relatório demonstram o avanço da insegurança alimentar e situação de fome no Brasil.
Anteriormente, estimava-se que cerca de 9% dos domicílios brasileiros tinham seus moradores em situação de fome, hoje em dia a estimativa dessa porcentagem é de 15,5%, ou seja, 33,1 milhões de pessoas.
De acordo com o site “olhe para a fome”, portal de confiança que traz os últimos resultados da II VIGISAN, mais da metade da população do país vive em algum grau de insegurança alimentar.
Ainda, o relatório traz que as formas mais graves de insegurança alimentar atingem uma maior parcela das regiões Norte e Nordeste do país: nessas, 4 em cada 10 famílias relataram diminuição parcial ou severa do consumo de alimentos nos três meses anteriores à entrevista do inquérito.
Já no caso das regiões sudeste e centro-oeste, este mesmo relato ocorreu em 3 a cada 10 famílias e na região sul o mesmo relato veio de 2 a cada 10 famílias.
Outros parâmetros de análise do aumento da fome foram: área urbana ou rural, etnia e raça, comando do lar, presença de crianças, fonte de renda e renda mensal, escolaridade.
No que diz respeito à fome nas diferentes áreas, a rural tem um pior cenário, uma vez que a insegurança alimentar está presente em mais de 60% dos domicílios, além disso, foi observada uma prevalência de 18,6% de famílias em situação de fome, número maior que a média nacional.
A insegurança alimentar também é maior nas famílias comandadas por pessoas de raça/cor preta ou parda: são cerca de 65% dos lares que convivem com restrição alimentar, além disso, estima-se que o cenário da fome nestes lares saltou de 10,4% para 18,1%.
Por fim, o relatório também denuncia o aumento da insegurança alimentar e fome nos lares que são comandados por mulheres, têm crianças, a renda proveniente de algum emprego informal, além de demonstrar que os domicílios com responsáveis com mais de 8 anos de estudo têm maior percentual de segurança alimentar.
A importância de se saber mais sobre o avanço da fome
Como nutricionistas, esses são dados que devem estar no nosso radar de atualização para posicionamento sempre que possível e necessário, além de nortear condutas dentro da realidade da população.
Para saber mais sobre o assunto, acesse: https://olheparaafome.com.br
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