Feijão e alimentação plant-based: desafios e oportunidades no atual contexto brasileiro

Tempo de leitura: 5 minutos O interesse por uma dieta mais baseada em plantas tem crescido entre os brasileiros. Uma […]


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O interesse por uma dieta mais baseada em plantas tem crescido entre os brasileiros. Uma tendência que reflete não somente questões éticas e ambientais, mas também a busca por melhor qualidade de vida e saúde.  

Conforme revela o Ipec em 2021, cerca de 46% dos brasileiros optam por não consumir carne ao menos uma vez por semana, um hábito motivado por escolha própria. Adicionalmente, 32% dos consumidores tendem a selecionar pratos veganos quando estes são realçados nos cardápios dos restaurantes. 

Uma pesquisa intitulada “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022” aponta que 45% dos brasileiros reduziram o consumo de carne devido ao aumento de seu preço. Outros 36%, no entanto, tiveram a saúde como principal incentivo, buscando melhorar a digestão, diminuir o colesterol ou emagrecer. Esses motivos, combinados com preocupações sobre bem-estar animal, impacto ambiental e influências familiares ou espirituais, levaram mais da metade da população (52%) a cortar o consumo de carne voluntariamente nos últimos 12 meses. 

As leguminosas surgem como protagonistas na dieta plant-based, dada a sua rica composição em proteínas, fibras, vitaminas e aminoácidos essenciais. Seu consumo pode beneficiar especialmente indivíduos com desnutrição, diabetes e obesidade, por promover maior saciedade e apresentar um baixo índice glicêmico.

As leguminosas, ricas em vitaminas do complexo B, desempenham ainda um papel crucial no bem-estar psicológico, contribuindo para o funcionamento adequado do sistema nervoso.

Mas há um contraponto nessa história…

Um fenômeno curioso tem sido observado: enquanto aumenta o interesse por proteínas vegetais, o feijão — tradicional na culinária brasileira — tem sido cada vez menos consumido pelos brasileiros.  

O estudo Vigitel, que acompanhou mais de 500 mil adultos de 2007 a 2017, já sinalizava essa redução entre os anos de 2012 e 2017. Projeções da Faculdade de Medicina da UFMG indicam que, em 2025, o feijão pode deixar de marcar presença regular — de 5 a 7 dias por semana — nas mesas do país, passando a ser consumido com frequência considerada irregular (1 a 4 dias). 

 
O preço do feijão é um dos fatores cruciais para essa queda. Em onze anos, o feijão carioca e o feijão preto acumularam alta de 112% e 186%, respectivamente, ultrapassando a inflação geral de 89% no mesmo período, conforme dados do IPC da FGV. Mas além disso, mudanças culturais e o avanço dos alimentos ultraprocessados complementam o quadro que explica essa tendência. 
 
O feijão tem um papel inestimável na alimentação brasileira, tanto do ponto de vista nutricional quanto cultural. Sua presença no prato é indicativa de uma dieta de qualidade, geralmente acompanhado de arroz, uma opção de carne e vegetais, configurando uma refeição balanceada e saudável. 

Diante desse cenário, como podemos incentivar o consumo do feijão? 

É primordial ir além dos benefícios nutricionais, propondo estratégias que facilitem o preparo e reduzam desconfortos gastrointestinais reportados por alguns. Ensinar métodos de remolho, congelamento e diversificação de temperos são medidas simples, mas eficazes. 
 
Mas além disso, é essencial reconhecer as mudanças culturais em curso e explorar o vasto leque de opções em proteínas vegetais disponíveis no Brasil.

Além do feijão, a ervilha, lentilha e grão-de-bico representam alternativas nutritivas e amplamente disponíveis. Para aqueles com restrições de tempo ou preferências de paladar, a proteína texturizada de soja e o tofu emergem como substitutos versáteis e práticos, atendendo ao crescente interesse por uma alimentação plant-based. 

E você, nutricionista? Quais estratégias tem utilizado para incentivar o consumo do feijão ou outros alimentos fontes de proteína vegetal?  

Comente aqui e compartilhe sua experiência! 

Referências Bibliográficas

  • Pesquisa de opinião pública sobre o vegetarianismo. Inteligência em Pesquisa e Consultoria. 2021. Disponível em: https://svb.org.br/2469-pesquisa-do-ibope-aponta-crescimento-historico-no-numero-de-vegetarianos-no-brasil/.
  • O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant-Based 2022. The Good Food Institute. 2022. Disponível em: https://gfi.org.br/67-dos-brasileiros-reduziram-o-consumo-de-carne-no-ultimo-ano/
  • Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. VIGITEL 2017: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas em Inquérito Telefônico. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 
  • GRANADO, FS. Tendência temporal no consumo alimentar tradicional de feijão no país e sua relação com o estado nutricional da população adulta brasileira. Tese (Pós-graduação em Saúde Pública) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, p. 2. 139. 
  • Índice de Preços ao Consumidor. Fundação Getúlio Vargas. 2023 


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