Terapia nutricional em pacientes de cirurgia cardíaca: entenda com a nova publicação da ASPEN

a cirurgia cardíaca em pacientes em estado crítico pode resultar em desnutrição iatrogênica quando ocorre atraso na implementação da terapia […]


a cirurgia cardíaca em pacientes em estado crítico pode resultar em desnutrição iatrogênica quando ocorre atraso na implementação da terapia nutricional enteral (TNE), o que leva a uma ingestão inadequada de nutrientes em comparação com pacientes de unidades de terapia intensiva (UTIs) não cardíacas.   A falta de suporte metabólico adequado nesses pacientes pode resultar em desfechos negativos, como recuperação insuficiente após doença crítica, maior morbidade infecciosa, redução da massa muscular respiratória, aumento do tempo de internação na UTI, maiores taxas de readmissão, custos de saúde elevados e redução da qualidade de vida pós-alta hospitalar.   Apesar da crescente conscientização sobre os efeitos adversos da desnutrição, o suporte nutricional em pacientes de cirurgia cardíaca em estado crítico ainda é insuficiente.  No #MomentoAtualiza de hoje, a Academia da Nutrição trouxe o trabalho “Current practices in nutrition therapy in cardiac surgerypatients: An international multicenter observational study”, publicado em Março deste ano pela Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (Aspen).  Entendendo o desenho do estudo  No formato de uma coorte prospectiva e observacional, os pesquisadores investigaram, entre os anos de 2018 e 2019, as práticas de terapia nutricional em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca e internados em UTIs pós-operatórias em treze centros médicos acadêmicos.  Os pacientes incluídos no estudo atendiam a critérios específicos, e tiveram os seus dados nutricionais coletados diariamente durante um período máximo de 12 dias. Dentre as informações levantadas, destacam-se o tipo e a quantidade de nutrição prescrita e recebida, além de outros dados clínicos.   A adequação da terapia nutricional foi calculada em relação às diretrizes nutricionais e expressa como uma porcentagem. A amostra total é de 237 pacientes com quadros graves, totalizando 2388 dias de internação.  A terapia nutricional enteral (EN) foi iniciada, em média, 45 horas após a admissão à UTI, enquanto a nutrição parenteral (PN) ocorreu em 113 horas após a admissão.  A EN foi interrompida em 21,2% dos dias de internação por conta de procedimentos médicos.  O uso de soluções poliméricas e estratégias para redução de ácido graxo ω-6/óleo de soja foi predominante nos pacientes que receberam PN. Além disso, protocolos de controle glicêmico foram implementados na maioria dos centros participantes.  Variações nas práticas de terapia nutricional e seus desfechos  Foram encontradas baixas e preocupantes taxas de adequação da terapia nutricional: cerca de 44,2% da necessidade energética e 39,7% da necessidade proteica foram atingidas, indicando uma ingestão insuficiente de nutrientes.   A desnutrição e a oferta inadequada de nutrientes estão associadas a uma série de desfechos adversos, como diminuição da resposta imunológica, aumento do risco de infecções, perda de massa muscular, prolongamento do tempo de internação e piora da qualidade de vida após a alta hospitalar.  A interrupção frequente da terapia nutricional enteral durante os dias de internação também é um achado preocupante. A EN foi interrompida em 21,2% dos dias de internação, principalmente devido a procedimentos médicos.   O estudo também revelou diferenças nas estratégias de terapia nutricional entre os centros participantes. O uso de soluções poliméricas e estratégias para redução de ácido graxo ω-6/óleo de soja foi predominante nos pacientes que receberam nutrição parenteral suplementar.   Os pesquisadores acreditam que essas variações nas práticas de terapia nutricional destacam a necessidade de diretrizes específicas e protocolos padronizados para a abordagem nutricional de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca em estado crítico.  Além disso, a implementação de protocolos de controle glicêmico na maioria dos centros participantes é um aspecto positivo, pois a manutenção de níveis adequados de glicose no sangue é essencial para evitar complicações metabólicas em pacientes cirúrgicos.  A partir desses resultados, fica evidente a necessidade de melhorar a prática da terapia nutricional em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca em estado crítico.  É fundamental estabelecer diretrizes específicas e protocolos padronizados para a administração precoce e adequada de nutrientes nesses pacientes, a fim de otimizar sua recuperação, reduzir complicações e melhorar os desfechos clínicos.  Os autores também ressaltaram que o estudo tem algumas limitações, como o seu desenho observacional e a inclusão de centros médicos acadêmicos específicos, o que pode limitar a generalização dos resultados.  Os achados destacam lacunas na prática clínica atual e fornecem uma base para futuras pesquisas e melhorias na abordagem nutricional cirúrgica.  Para saber mais detalhes sobre a publicação, acesse o artigo na íntegra. E aproveite para explorar outros posicionamentos oficiais disponíveis no site da Aspen.  Aqui no Brasil, a Braspen, Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), já entendeu o impacto negativo que a desnutrição traz aos pacientes hospitalizados, e por isso deste 2018 trabalha com a campanha “Diga Não à Desnutrição”.  Como sugestão de material para continuar a estudar a temática, deixamos aqui para você, Nutricionista, os 11 passos importantes para combater a desnutrição hospitalar.  Referências Bibliográficas Stoppe C, Dresen E, Wendt S, Elke G, Patel J J, McKeever L. Current practices in nutrition therapy in cardiac surgerypatients: An international multicenter observational study. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition [ASPEN]. 2023;1-10. Acesso em: 23 Maio 2023. Disponível em: https://aspenjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/jpen.2495. 


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