A recente divulgação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua 2023) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciou a realidade da segurança alimentar no Brasil.
Segundo a pesquisa, apesar de 72,4% dos domicílios estarem em situação de segurança alimentar, ainda existe um número considerável de 27,6% que enfrentam dificuldades para adquirir alimentos suficientes e de qualidade.
Este cenário mostra uma melhoria em relação a pesquisas anteriores, mas também destaca a constância de desafios significativos, principalmente no campo de atuação para nutricionistas, que podem desempenhar um papel importante em relação a insegurança alimentar.
Regiões do Brasil em Insegurança Alimentar
De acordo com os dados, a região Norte e Nordeste do Brasil são as mais afetadas pela insegurança alimentar. Apesar de mais da metade dos seus domicílios ter acesso pleno e regular aos alimentos, as porcentagens de segurança alimentar nessas regiões são as mais baixas do país, refletindo desigualdades regionais profundas. Em contraste, a região Sul apresenta os melhores índices, com 83,4% dos domicílios em condição de segurança alimentar.
Perfil da População em Insegurança Alimentar
A pesquisa também revela que os domicílios chefiados por mulheres são desproporcionalmente afetados pela insegurança alimentar.
Embora as mulheres representem uma ligeira maioria da população, elas lideram uma porcentagem maior dos domicílios em situação de insegurança.
Além disso, a pesquisa identificou uma correlação entre baixa escolaridade e maior prevalência de insegurança alimentar, destacando a educação como um fator crítico.
Para o nutricionista Élido Bonomo, presidente do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), os resultados da pesquisa podem ser encarados de forma positiva, mas aponta para avanços que ainda são necessários na promoção de acesso aos alimentos.
Conforme Élido Bonomo: “Vimos que a resposta após a retomada das políticas públicas que estimulam a aquisição e acesso aos alimentos foi rápida e positiva. Porém, há um enorme caminho a ser pavimentado, principalmente com soluções para as famílias em vulnerabilidade social, povos tradicionais, população em situação de rua, mulheres negras, enfim. Precisamos adotar medidas para que essas políticas públicas sejam blindadas como políticas de estado. Além disso, é fundamental maiores investimentos em sistemas alimentares justos, saudáveis e sustentáveis, como forma de promover segurança alimentar para as futuras gerações. E, é claro, com mais nutricionistas envolvidos nessas políticas de segurança alimentar e nutricional. Essa será uma estratégia para darmos mais eficácia na execução dessas ações. Com isso, esperamos que, em breve, o país saia do mapa da fome de forma definitiva”.
Atuação do nutricionista na Insegurança Alimentar
A atuação do nutricionista é essencial para encarar os desafios enfrentados pela insegurança alimentar. Estes profissionais podem contribuir não apenas na assistência direta às comunidades, mas também na formulação e implementação de políticas públicas que visem a promoção da segurança alimentar e nutricional.
- Educação Nutricional: Nutricionistas podem desenvolver programas de educação nutricional que ensinem as famílias sobre como maximizar o valor nutricional dos alimentos disponíveis, focando em dietas equilibradas e sustentáveis. Essa abordagem é particularmente importante em áreas onde a insegurança alimentar é prevalente, como nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
- Políticas Públicas: A integração dos nutricionistas na formulação de políticas públicas é essencial, pois conseguem auxiliar na criação de programas que garantam o acesso a alimentos nutritivos para as populações vulneráveis, como é sugerido pelo presidente do CFN, Élido Bonomo. Políticas que facilitam o acesso a alimentos saudáveis podem ajudar a reduzir a insegurança alimentar.
- Monitoramento e Avaliação: Nutricionistas também têm um papel fundamental no monitoramento e avaliação de programas de alimentação e nutrição, assegurando que os objetivos de segurança alimentar sejam alcançados e que os recursos sejam utilizados eficientemente.
Dessa forma, conclui-se que a contribuição dos nutricionistas é indispensável no combate à insegurança alimentar no Brasil. Através de estratégias eficazes eles têm o poder de influenciar positivamente a vida de milhões de brasileiros que ainda enfrentam dificuldades para acessar uma alimentação adequada, sendo de extrema importância encorajar uma maior inclusão desses profissionais em todas as esferas de planejamento e execução de estratégias relacionadas à alimentação e nutrição.
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Referências:
- Segurança alimentar nos domicílios brasileiros volta a crescer em 2023 | Agência de Notícias [Internet]. Agência de Notícias – IBGE. 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39838-seguranca-alimentar-nos-domicilios-brasileiros-volta-a-crescer-em-2023
- IBGE divulga dados sobre segurança alimentar no país [Internet]. CFN. 2024 [cited 2024 Apr 30]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/index.php/noticias/ibge-divulga-dados-sobre-seguranca-alimentar-no-pais/
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