A Saúde Integrativa representa um novo modelo de cuidado da virada do século XX para o XXI, centrado na multidimensionalidade de cada indivíduo, com caráter transdisciplinar, e com a combinação da Medicina Convencional e as Medicinas Tradicionais e Complementares.
Baseada em evidências científicas, com métodos menos invasivos, menos custosos, considerando todas as dimensões humanas no processo de prevenção e cura, a Saúde Integrativa se consolida como um caminho para a longevidade.
Um dos aspectos cruciais da saúde integrativa é a atenção especial dada à nutrição e à forma como os alimentos que ingerimos desempenham um papel vital na nossa saúde.
No entanto, a relação entre a nutrição e a saúde vai muito além de apenas manter uma dieta equilibrada. Ela desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças crônicas, com um foco especial na saúde do coração.
Movimentando o corpo para uma vida mais saudável
A atividade física de intensidade moderada é eficaz para reduzir a reatividade da pressão arterial induzida pelo estresse, que pode promover uma melhor qualidade da saúde cardiovascular. Além disso, as cascatas de sinalização reguladas pelo exercício conferem proteção miocárdica e impulsionam adaptações sistêmicas, tendo o potencial para atenuar a lesão miocárdica e reverter a remodelação cardíaca.
O efeito benéfico do exercício na redução dos fatores de risco cardiovasculares tradicionais, como índice de massa corporal, colesterol total e pressão arterial, são amplamente reconhecidos. A atividade física está associada a menores riscos cardiometabólicos, incluindo pressão arterial, glicose, insulina, e circunferência da cintura, além de reduzir o índice de mortalidade por eventos cardiovasculares.
Os níveis de atividade física estão inversamente relacionados com todas as causas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) em populações de alto risco, incluindo aquelas com diabetes tipo 2, obesidade e idosos.
O exercício não só tem efeitos benéficos diretos no metabolismo sistêmico e promove inúmeras adaptações celulares dentro do coração e dos vasos sanguíneos, mas também funciona em outros órgãos ou tecidos (por exemplo, fígado, esqueleto, músculo, cérebro, tecido adiposo) que produzem efeitos secundários no sistema cardiovascular.
A suplementação como aliada da Nutrição
Estima-se que fatores nutricionais possam ser responsáveis por aproximadamente 40% de todas as DCV, mais de 90% de todos os casos de infarto do miocárdio foram atribuídos a causas evitáveis como: fatores ambientais e nutrição.
Em geral, os nutrientes exibem uma gama diversificada de propriedades, incluindo efeitos antioxidantes, ações anti-inflamatórias, modificação dos mecanismos de transdução de sinal, bem como ações metabólicas. A Alimentação Cardioprotetora inclui em suas orientações alimentos in natura (frutas, verduras e legumes), peixes, oleaginosas, cereais integrais, azeite, alimentos minimamente processados e com um bom aporte de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes.
Entretanto, de acordo com a pesquisa Vigitel publicada em 2021, a frequência de adultos que consumiram regularmente frutas e hortaliças manteve-se estável no período entre 2008 e 2021, variando de 33,0%, em 2008, a 34,2% em 2021. A frequência de adultos que referiram o consumo de feijão em cinco ou mais dias da semana diminuiu no período entre 2007 e 2021, variando de 66,8%, em 2007, a 60,4% em 2021. E a frequência de adultos que referiram o consumo de refrigerantes em cinco ou mais dias da semana diminuiu no período entre 2007 e 2021, variando entre 30,9%, em 2007, e 14,0% em 2021.
Dessa forma, o consumo alimentar dos brasileiros muitas vezes indica uma ingestão insuficiente de frutas, verduras e legumes, alimentos que garantem o aporte de vitaminas e minerais, o que pode aumentar os fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Nesse sentido, a suplementação de micronutrientes pode ser uma aliada para manter a nutrição na rotina e minimizar as complicações cardiometabólicas.
No cuidado integrativo, a suplementação pode alcançar diversas dimensões dos sistemas do corpo, sendo que:
- Sono e saúde mental: melatonina e triptofano
- Imunidade: vitaminas D e C, selênio e zinco
- Saúde da pele, unhas e cabelos: biotina, vitamina D, selênio e zinco
- Libido: maca peruana e guaraná
- Saúde cardiovascular e muscular: ômega-3 e HMB;
HMB (Beta-Hidroxi-Beta-Metilbutirato): músculos saudáveis para maior qualidade de vida
O ácido beta-hidroxi-beta-metilbutírico (HMB) é uma substância produzida pelo organismo no processo de metabolização da leucina, aminoácido de cadeia ramificada (BCAA) presente nos alimentos fontes de proteína. A suplementação de β-hidroxi β-metilbutirato (HMB) tem sido proposta para minimizar a perda de massa muscular, uma terapia potencial para idosos, adultos e vários estados de doenças que levam à depleção desse tecido.
Com a suplementação de HMB, a perda de massa muscular pode ser reduzida pelos seus efeitos anabólicos e anticatabólicos, atuando como agente terapêutico.
Garantir o desenvolvimento dos músculos ajuda a proteger os ossos e as articulações e, a suplementação de HMB, tem influência positiva no aumento de força nos membros inferiores de indivíduos treinados e não treinados – benefício observado em homens e mulheres idosas que praticam atividades físicas regularmente.
Além disso, o HMB minimiza os danos musculares decorrentes das repetições excêntricas e concêntricas dos exercícios resistidos, propiciando maior desenvolvimento e resistência.
Ômega-3 e Saúde Cardiovascular
O ômega 3 apresenta propriedades anti-inflamatórias, já que seus ácidos graxos contribuem para o controle de mecanismos inflamatórios por meio da sua capacidade de reduzir as citocinas envolvidas nesse processo.
O EPA (ácido eicosapentaenoico), um dos componentes do ômega 3, tem como principal função produzir substâncias químicas chamadas eicosanóides, que ajudam a reduzir a inflamação no organismo, contribuindo assim para o tratamento da obesidade, artrite reumatoide e até algumas doenças cardiovasculares.
Além disso, contribui para o equilíbrio dos níveis de colesterol e de triglicérides no sangue. Já o DHA (ácido docosahexaenoico), representa cerca de 8% do peso do cérebro e é extremamente importante para o desenvolvimento e função normal deste órgão.
Papel do nutricionista na promoção da Saúde Integrativa
Diante dos benefícios de uma alimentação equilibrada, o consumo de alimentos ricos em vitaminas, minerais, antioxidantes e o auxílio de suplementos, como HMB e ômega 3, são estratégias positivas para a prevenção e tratamento das doenças do coração. Aliado a isso, a prática regular de atividade física, o gerenciamento do estresse e a melhora da qualidade do sono também contribuem para a adequação da composição corporal e, consequentemente, atingindo um ótimo estado de saúde.
O papel no Nutricionista na Saúde Integrativa é avaliar todas as partes que formam um indivíduo: a biológica, a emocional e a social, promovendo a escuta ativa, o raciocínio clínico, análise de exames e a conduta individualizada e focada na mudança de estilo de vida.
Com isso, garantir a nutrição do corpo, desde a saúde cardíaca, muscular e metabólica é essencial para manter uma vida social ativa e o bem-estar social, e vice-versa.
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