Diabetes Mellitus – 14 perguntas que todo paciente faz

O último relatório mundial sobre diabetes mellitus (DM) registrou uma estimativa de 537 milhões de pessoas (entre 20 e 79 anos) vivendo com a doença, o que equivale a aproximadamente 1 a cada 10 pessoas deste público em âmbito global. O mesmo documento projeta que até 2045 haja um expressivo aumento de pessoas com a doença, podendo chegar até 783 milhões de indivíduos. Considerando todas as particularidades do DM, um grande número de diagnósticos também significará uma grande quantidade de dúvidas – não só das pessoas com DM, mas também daqueles que convivem com eles. 

Nutricionistas são profissionais fundamentais no manejo da doença e poderão ser procurados para sanar uma grande variedade de dúvidas sobre o DM, mesmo as mais elementares – sendo muito útil ter algumas respostas na ponta da língua. Por essa razão, selecionamos as 14 dúvidas mais comuns sobre a doença e preparamos respostas adequadas para o p��blico geral. Confira: 

1. Qual é a diferença entre os tipos 1 e 2? 

O diabetes mellitus é uma doença que afeta a forma como o nosso corpo lida com a glicose no sangue, substância que necessita de insulina para conseguir ser absorvida e utilizada pelo corpo. Enquanto no DM tipo 1 não há nenhuma produção de insulina, no DM tipo 2 há uma progressiva resistência a sua ação que pode, eventualmente, levar a interrupção de sua produção. 

2. Quem tem diabetes não pode comer açúcar nunca mais? 

Não é verdade que pessoas com diabetes não possam comer açúcar nunca mais. É importante entender que o açúcar de mesa é apenas uma das fontes de glicose da alimentação – sendo que ela se faz presente em pães, massas, tubérculos, frutas e hortaliças. E mesmo alimentos sem absolutamente nada de glicose em sua composição são capazes de aumentar o nível de glicose no sangue por conta do nosso metabolismo energético. 

3. O consumo de frutas é liberado ou proibido para pessoas com diabetes? 

Todas as pessoas (com diabetes ou não) precisam de uma alimentação equilibrada que incluirá o consumo regular de frutas. Isso significa que não existe tal proibição, mas ao mesmo tempo não se trata de um aval para o consumo exagerado deste grupo de alimentos. 

4. Todo mundo precisa injetar insulina? 

Não, a insulina é necessária para aqueles que não a produzem mais (pessoas com diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2 em estágios avançados). 

5. Dá para prevenir o diabetes? 

Depende. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune e sua prevenção ainda é desconhecida. Por outro lado, como o diabetes tipo 2 tem seu início em uma resistência à ação da insulina, existem medidas de prevenção ao surgimento e agravamento deste quadro, que incluem: manutenção de um peso corporal eutrófico; prática regular de atividade física e alimentação equilibrada. 

6. Comer muito açúcar pode causar diabetes? 

Não diretamente. Um consumo pontual e exagerado de açúcar por uma pessoa sem diabetes não tem a capacidade de causar a doença. Por outro lado, uma alimentação desequilibrada pode levar a um maior acúmulo de gordura visceral, o que pode favorecer o desenvolvimento da doença. 

7. Como eu sei se eu tenho diabetes? 

Para adultos, o diabetes costuma ser assintomático – especialmente em suas fases iniciais (por isso a prevenção e exames periódicos são importantes). Ainda assim, 3 sinais podem ser comumente observados: polidipsia (muita sede), polifagia (muita fome) e poliúria (muitas idas ao banheiro para urinar). 

8. Toda pessoa com diabetes precisa contar carboidratos? 

A contagem de carboidratos é uma técnica para estimar a quantidade de insulina necessária para uma refeição específica. Assim, apenas as pessoas que precisam injetar insulina se beneficiam da contagem de carboidratos. 

9. Qual diferença entre o alimento light, diet e zero? 

Pode ser identificado como “light” aquele alimento que tiver a redução de 25% de seu valor energético ou de algum nutriente (como o sódio), quando comparado ao alimento convencional. “Diet”, por outro lado, é aquele alimento que teve 100% de algum nutriente retirado – o que também se aplica aos alimentos “zero”. Mas é preciso ter cuidado, pois também existe a identificação “Zero adição”, o que não significa que o alimento é livre de algum nutriente, apenas que não foi adicionado. Nenhum destes alimentos é especialmente indicado para as pessoas com diabetes, é preciso entender o contexto da alimentação de cada um para recomendar ou não o consumo. Mesmo os alimentos “diet”, que por muito tempo foram amplamente indicados, contém calorias e poderão elevar a glicemia das pessoas com diabetes – especialmente se consumidos em excesso, pela falta sensação de que são alimentos “permitidos”. 

10. Todos os adoçantes são seguros? 

Quando consumidos seguindo as orientações do fabricante, sim. Porém, as consequências de um consumo exagerado e prolongado deste tipo de substância ainda estão sendo estudadas. Assim, a depender de cada contexto, pode ser mais interessante alimentação livre deste tipo de substância. 

11. Quais receitas são indicadas para pessoas com diabetes? 

A ideia de que receitas especiais são necessárias para pessoas com diabetes reside no mito da proibição de açúcar e carboidratos. Uma fatia de bolo comum (e não um bolo inteiro) pode ser consumida por um indivíduo com diabetes, da mesma forma que por uma pessoa sem a doença. Alimentos especiais podem levar ao consumo exagerado, e não colaborarem para o manejo da doença.  

12. Quais as consequências do diabetes? 

Manter o nível de glicose elevado no sangue é prejudicial para diversos sistemas do corpo humano. Há um risco aumentado para doenças cardiovasculares, infecções de pele, problemas de visão, problemas nos rins, problemas relacionados a sensibilidade e cicatrização. 

13. Eu vi uma propaganda dizendo que diabetes tem cura. É verdade? 

Infelizmente não. Apesar de inúmeras propagandas enganosas e má intencionadas, diabetes é uma condição que não tem cura – ainda que possa ser adequadamente controlada para que o indivíduo tenha uma vida absolutamente normal. 

14. Algum alimento ajuda a controlar a diabetes? 

Ainda que diferentes alimentos aumentem a glicose no sangue com diferentes velocidades, nenhum deles substitui a ação da insulina. Algumas combinações de alimentos podem evitar os indesejados picos de glicemia, mas seria equivocado dizer que algum alimento tenha a capacidade de controlar a doença. 

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Nutricionista, você tem recebido muitos pacientes com diabetes em seu consultório? Comente abaixo se esse conteúdo ajudou ou ajudará nos atendimentos com esse público.

Referências Bibliográficas:

• Costa AC, Medeiro I, Alvarenga M. Nutrição Comportamental no tratamento do diabetes. Alvarenga, M et al. (Org.). Nutrição comportamental. 2. ed. Barueri: Manole, 2019 
• International Diabetes Federation (IDF). IDF Diabetes Atlas 2021 10th edition. 2021. Disponível em: www.diabetesatlas.org 
• Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes – Update 2/2023. DOI: 10.29327/5238993.