Sabemos que a nutrição pode auxiliar indivíduos de uma forma geral, mas de uma forma específica, se tratando de mulheres na menopausa, como você nutricionista pode ajudar na qualidade vida, redução de sintomas e autoestima dessas mulheres?
Para iniciarmos essa conversa, é importante você entender do que nós estamos falando e como se caracteriza algumas das fases importantes no ciclo reprodutivo da mulher. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o climatério corresponde ao período final da fase reprodutiva, que varia dos 40 aos 65 anos, sendo dividido em três fases:
- Pré-menopausa;
- Peri menopausa;
- Pós-menopausa.
Essa fase representa a transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva, que antecede a menopausa, que somente é instalada após 12 meses consecutivos de amenorreia. O climatério consiste no declínio progressivo e fisiológico da fertilidade da mulher, com decréscimo da função ovariana, dos níveis de estradiol e progesterona e aumento das gonadotrofinas hipofisárias. Tais alterações levam as inúmeras mudanças físicas, metabólicas e emocionais na mulher.
A menopausa, por sua vez, é caracterizada pela cessação espontânea da menstruação, e geralmente ocorre a partir dos 45 anos. Os sintomas da menopausa são decorrentes da diminuição na produção dos hormônios sexuais, principalmente do estrogênio, hormônio responsável pela indução da proliferação celular e das características femininas.
Vale lembra que para essas mulheres é um período marcante e que demanda um olhar integral por parte dos profissionais de saúde, especificamente, o nutricionista, que pode se deparar com comportamentos disfuncionais e desequilibrados com a comida por conta das alterações citadas acima.
Quais os riscos para a mulher na menopausa?
A deficiência estrogênica, hábitos alimentares desequilibrados, sedentarismo e um estilo de vida não saudável podem levar ao aparecimento de doenças oportunistas como doenças crônicas não transmissíveis, desordens neurológicas e doenças cardiovasculares.
Sendo então de fundamental importância o acompanhamento de um nutricionista para que a mulher se prepare e/ou viva esses períodos com qualidade de vida, sendo a alimentação um importante pilar para isso.
Quais as estratégias nutricionais mais adequadas?
É importante destacar que a individualidade é um fator que deve ser observado e levado em consideração na hora da decisão das estratégias propostas pelos profissionais. Alguns sinais e sintomas são mais comuns como:
- Ondas de calor,
- Sudorese;
- Insônia;
- Redução da libido;
- Irritabilidade;
- Redistribuição da gordura corporal;
Mas cada mulher vive esses períodos de forma única, por isso, esteja sempre atento(a) aos relatos que a paciente traz ao consultório.
Algumas estratégias nutricionais devem ser adotadas, segundo a literatura:
- Consumo regular de frutas, verduras e legume, garantindo assim uma ingestão adequadas de vitaminas e minerais;
- Redução de alimentos ultraprocessados;
- Redução de consumo dos carboidratos refinados;
- Consumo de alimentos antioxidantes: é importante incluir fitoquímicos antioxidantes, advindos de alimentos, para a proteção celular e das organelas que atuam no metabolismo- como a mitocôndrias. Inclua fontes de antocianinas (frutas vermelhas), resveratrol (frutas vermelhas e derivados da uva), sulforafanos (crucíferas), catequinas (chá verde) e quercetina (alho, maçã e casca da cebola). Estes compostos também atuam como anti-inflamatórios, reduzindo o risco de doenças crônicas.
- Vitaminas do complexo B: essas vitaminas são importantes para o adequado metabolismo interno. Além disso, são cofatores para diversas reações que estão defasadas na menopausa- como a produção de serotonina.
- Triptofano: este aminoácido pode ser utilizado para aumentar a produção de serotonina e melatonina. Em alimentos, é encontrado em grande quantidade no grão de bico, quinoa e amaranto.
- Fitoestrógenos: na literatura, há controvérsias sobre o uso de alimentos que possuem fitoestrógeno, uma vez que são semelhantes ao estrógeno e podem favorecer a via de produção de estrona. Entretanto, nas mulheres, o uso de alimentos parece ser seguro nesta fase de menopausa. Para isso, a inclusão de soja, broto de alfafa e linhaça pode ser benéfica no tratamento dos sintomas. Vale ressaltar que é importante ter cautela, caso a paciente tenha predisposição a câncer de mama, útero ou ovários.
Uma orientação que deve ser complementar a prática de exercícios físicos e outros hábitos para uma vida saudável.
Um ponto importante é a educação nutricional que é necessária para que a paciente entenda de forma simples e objetiva as alterações e necessidades desse período.
Referências:
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5-PARAZZINI, F. Resveratrol, tryptophanum, glycine and vitamin E: a nutraceutical approach to sleep disturbance and irritability in peri-and post menopause. Minerva Ginecol; 67(1):1-5,2015.
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7- FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA et al. Manual de Orientação Climatério. São Paulo: Febrasgo, 2010.
8- BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Manual de atenção à mulher no climatério/menopausa, 2008.
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