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Papel da nutrição na prevenção e no tratamento do câncer de mama: um olhar além do que se come

Papel da nutrição na prevenção e no tratamento do câncer de mama: um olhar além do que se come
Academia da Nutrição
out. 20 - 5 min de leitura
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O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2020-2022 o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer. O câncer de mama corresponde a 29,7% destes casos, o equivalente à 66.280 casos novos/ano, com incidência mais expressiva a partir dos 40 anos. 

 

Assim como outras doenças oncológicas, o câncer de mama tem sua origem multifatorial, tendo como possíveis agentes responsáveis pela carcinogênese:

  • fatores do hospedeiro (genética, idade, microbioma, etc);
  • fatores ambientais (contaminantes em alimentos, carcinógenos ambientais, etc);
  • e fatores dietéticos e comportamentais (consumo de energia, de álcool, atividade física e outros fatores comportamentais).

 

É difícil associar apenas um fator ao desenvolvimento da doença, no entanto a alimentação exerce um papel importante tanto na prevenção, quanto no fortalecimento do organismo durante o tratamento.

 

E será que todas as vertentes que influenciam as escolhas alimentares das pessoas são contempladas ao planejarmos a alimentação com foco na prevenção ou durante o tratamento do câncer de mama?

 

 

A nutrição na prevenção e no tratamento do câncer de mama

 

Ao falarmos de prevenção, o padrão da dieta mediterrânea - rico em alimentos in natura como frutas, verduras, legumes, oleaginosas, grãos e cereais e o consumo controlado de leite e derivados e carne vermelha - tem um impacto positivo por ter benefícios no controle de peso e consequentemente no excesso de gordura corporal.

 

Transcrevendo o padrão de dieta mediterrânea para a realidade brasileira, seguir as orientações do Guia Alimentar da População Brasileira é a base para a orientação focada na prevenção.

 

O estímulo à atividade física, em todas as faixas etárias e a amamentação nos primeiros dois anos de vida também promovem fatores de proteção, observados em diversos estudos. 

 

No âmbito do manejo de sintomas durante o tratamento, o ganho de peso é uma consequência do uso de medicamentos que alteram as sensações de fome e saciedade, bem como a composição corporal.

E junto com momentos de perda de apetite e náuseas, criam situações de alterações de peso.

Levando novamente ao incentivo da alimentação saudável, mas que pode ser confundido com orientações de dietas restritivas e milagrosas que encontram a fragilidade emocional da paciente e não contemplam todo cenário onde a mesma se encontra. 

 

Um olhar além do que se come

 

Em contrapartida, o acesso a alimentação saudável por metade da população brasileira não é realidade. Dados atuais apontam para uma situação de 48% de insegurança alimentar, com destaque para piores cenários principalmente nos lares chefiados por mulheres. 

 

Aliás, a expressão “um olhar além do que se come” neste texto diz respeito a todo ambiente nos quais as mulheres estão inseridas no atual momento.

 

Vítimas de uma sociedade baseada no patriarcado, com muitos dos direitos cerceados e com um atual cenário de desaceleração de políticas públicas voltadas à saúde da mulher, o acesso a hábitos saudáveis para prevenção ou alimentação durante o tratamento torna-se quase impossível.

 

Assim, a atuação da nutricionista não deve ser somente comer ou não tal alimento, mas entender o cenário que a pacientes está envolvida, todas as vertentes relacionadas às escolhas alimentares (fatores físicos, socioculturais, biológicos, socioeconômicos, antropológicos e psicológicos).

Para juntos - nutricionista e paciente - elaborarem o melhor plano alimentar!

 

Vale lembrar, que o estigma do câncer, especialmente o de mama, pode levar a mulher a se isolar e criar distorções de imagem ou relações com alimentos e o papel da nutrição é de ser inclusiva.

 

Nosso olhar para a paciente deve ser de conhecer sua realidade e junto a ela, pensar em melhores estratégias para a alimentação neste momento, não com um peso, mas com empatia e carinho.

 

Artigo por Nutricionista Juliana Nabarrete, coordenadora do curso de Pós Graduação de Nutrição em Oncopediatria do Instituto Ciclos Ensino.

 

Referências

Dieta, nutrição, atividade física e câncer : uma perspectiva global : um resumo do terceiro relatório de especialistas com uma perspectiva brasileira / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2020

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. A situação do câncer de mama no Brasil: síntese de dados dos sistemas de informação. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019.

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019

Buja A. et al. Breast Cancer Primary Prevention and Diet: An Umbrella ReviewInt. J. Environ. Res. Public Health 2020, 17, 4731; doi:10.3390/ijerph17134731.


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