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Olhar da Nutrição sobre a Deficiência de Energia Relativa no Esporte

Olhar da Nutrição sobre a Deficiência de Energia Relativa no Esporte
Academia da Nutrição
fev. 10 - 6 min de leitura
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A Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S), é basicamente, considerada uma síndrome que afeta diversas funções fisiológicas, capaz de atingir qualquer praticante de atividade física, tendo a nutrição um olhar importante essa condição.

Essa síndrome acontece devido a uma inadequação do consumo de calorias frente a demanda energética de uma pessoa, para que ela consiga cumprir com seus processos fisiológicos, e também com o gasto energético proveniente da atividade física. 

Apesar de já ter ganhado uma certa ênfase do COI em 2014, a RED-S seguiu sendo um assunto relativamente desconhecido por diversos profissionais que trabalham com atletas.

Em 2018, o Comitê Olímpico Internacional (COI) se reuniu para identificar grupos de risco, o desenvolvimento, tratamentos e outros fatores relacionados a Deficiência de Energia Relativa no Esporte.

 

O estudo que analisaremos neste artigo é de 2018, e identificou que a maior parte dos profissionais não são capazes, ou não têm a segurança necessária para identificar se seus atletas estão sofrendo com a síndrome e/ou não sabem como auxiliá-los em caso de diagnóstico.

 

Sobre a Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S)

Está síndrome acontece quando o organismo se encontra em baixa disponibilidade energética, ou seja: a quantidade de energia que resta no organismo após a atividade física não é suficiente para que o corpo realize funções básicas de manutenção da saúde.

Sendo assim, processos fisiológicos e sistemas começam a ser prejudicados, entre eles:

  • metabolismo
  • ciclo menstrual
  • metabolismo ósseo
  • sistemas cardiovascular
  • sistema imune
  • síntese proteica

 

Sendo a RED-S uma condição capaz de afetar qualquer praticante de atividade física, é importante que os profissionais não apenas fiquem atentos aos detalhes de rotina e performance de seus alunos ou atletas, como também sejam capazes de instruí-los acerca da importância de uma alimentação adequada e da observação de sinais que o corpo transmite quando está em constante baixa disponibilidade energética.

No caso das mulheres, é comum que elas entrem em estado de amenorréia; já nos homens, exames hormonais geralmente apontam baixos níveis de testosterona.

 

Além disso, aumento do cansaço, baixa imunidade e perda de performance também são sintomas desta condição.

 

Como colocado anteriormente, são vários os efeitos que a síndrome tem, tanto na saúde quanto na performance, e estes podem ser visualizados de forma simplificada nas imagens abaixo, retiradas do artigo original: 

 

Imagem 1.0: Efeitos da RED-S sobre o organismo.

 

Imagem 2.0: Efeitos da RED-S sobre a performance.
 

Efeitos da baixa disponibilidade energética

Em relação aos efeitos da baixa disponibilidade energética no sistema endócrino, é possível observar modificações no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, no funcionamento da tireóide e nos hormônios que regulam o apetite, além de menores níveis de insulina e IGF-1, maior resistência ao hormônio do crescimento (GH) e níveis elevados de cortisol.

 

A maior parte destas modificações acontecem em prol da conservação de energia, para que esta seja utilizada em processos considerados mais importantes para a sobrevivência do organismo. 

 

no caso da saúde óssea, são percebidos prejuízos na densidade mineral e na estrutura interna do osso, contribuindo para o aumento do risco de fraturas por estresse e até mesmo desenvolvimento de osteoporose e osteopenia a longo prazo.

Ainda, foi visto em atletas de endurance que a baixa disponibilidade energética, a longo prazo, acaba por diminuir a taxa metabólica basal, além de estar associada a disfunções hematológicas como a baixa ferritina e anemia, principalmente em se tratando de adolescentes e atletas do sexo feminino.

 

O inadequado consumo de calorias não é algo exclusivo da RED-S. Também pode ser observado em diversos casos, como a anorexia nervosa, por exemplo.

Sabendo que as duas condições têm algo em comum - baixa disponibilidade energética - é possível afirmar que alguns desfechos do transtorno alimentar podem ser comuns à síndrome.

Sendo assim, é possível elencar como um desenvolvimento da Deficiência de Energia Relativa no Esporte o retardamento do crescimento de adolescentes de ambos os sexos e também algumas mudanças no trato gastrointestinal, como alterações nas funções dos esfíncteres, maior tempo de esvaziamento gástrico, constipação e maior tempo de trânsito gástrico.

 

No que diz respeito à saúde mental do atleta, há diversos fatores a serem analisados.

Isso porque, o consumo inadequado de calorias pode ter diversos motivos que vão desde falta de conhecimento até questões mais profundas como transtornos alimentares.

Sendo assim, é importante que a equipe do atleta seja capaz de, pelo menos, identificar se a origem de sua má alimentação é algo de fácil resolução ou se será necessária uma intervenção multiprofissional.

No geral, praticantes de esportes cujo peso é importante para a performance são mais propensos a terem episódios de “comer transtornado”, o que pode acarretar nas RED-S.

 

Além destes atletas, mulheres e adolescentes também são grupos com maior risco de tais desenvolvimentos.


 

A Nutrição no Tratamento da Deficiência de Energia Relativa no Esporte

 

O tratamento da RED-S é algo individual e depende de cada paciente. Cabe ao profissional garantir que ele tenha todo o acompanhamento necessário e saber identificar quais são as melhores estratégias para cada caso. 

Ainda sim, existem alguns pontos chaves que podem auxiliar o atleta durante seu tratamento, são eles:

  • Aumento da ingestão calórica e/ou diminuição da carga de atividade física

  • Orientação sobre a importância de um consumo calórico adequado

  • Introdução de dias de descanso, podendo ser estes ativos, mas com baixo volume de atividade

  • Fazer a suplementação dos nutrientes necessários

 

E é claro, encaminhamento para outros profissionais, de acordo com a necessidade!

 

Referência Bibliográfica:

Mountjoy M. et al. International Olympic Committee (IOC) Consensus Statement on Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S): 2018 Update. Br J Sports Med. 2018; 52:687–697.

 


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