Hoje no último dia de maio, te trazemos um artigo que fala que dia 7 do mês atual é o dia da Espondilite Anquilosante (EA), uma doença osteoarticular inflamatória crônica e sistêmica que traz como sintomas fadiga e dores que acometem principalmente o esqueleto axial e as articulações sacroilíacas. Dependendo do grau, a EA pode prejudicar e qualidade de vida do indivíduo, pois as movimentações podem ficar limitadas e a dor em si já desestimula o indivíduo a se manter ativo, fato importantíssimo para promoção da saúde de toda e qualquer pessoa com ou sem EA.
Pesquisadores do Reino Unido publicaram uma revisão sistemática de 9 estudos observacionais e 7 de intervenção, no European Journal of Rheumatology, sobre a relação entre a dieta e a EA, no qual investigaram:
1) se pacientes com EA relataram ter dietas diferentes de pessoas sem a doença
2) se entre os pacientes com EA, a dieta está relacionada à gravidade;
3) se pessoas com dietas específicas são menos propensas a desenvolver a EA;
4) se intervenções dietéticas específicas melhoram os sintomas da AS.
Primeiro é válido dizer que existem algumas medidas de avaliação clínica, realizada pelo reumatologista, que mensuram o grau da doença, seu avanço, limitações geradas se baseado em medidas funcionais como a HAQ-S, índices por metrologia como o BASMI, de mobilidade como a BASDAI, de qualidade de vida como o ASQoL, entre outros.
Sobre a pergunta 1, a única relação que se observou foi que os pacientes com EA parecem apresentar um consumo calórico maior do que os pacientes sem EA.
Sobre a pergunta 2, foram investigados nos estudos revisados se o consumo de dieta com alto consumo de amido, lácteos, peixes e óleo de peixes, carnes e produtos cárneos, frutas e vegetais e suplementos probióticos apresentava alguma relação com a gravidade da doença. Dessa forma, alguns achados ocorreram, mas todos de qualidade de evid6encia baixa ou muito baixa, o que, portanto, não possibilita que possam ser utilizados em diretrizes e orientações populacionais.
Sobre a pergunta 3 não foi encontrado nenhum estudo que tenha investigado a questão.
Sobre a pergunta 4, foi mostrado que pacientes de estudos diversos tiveram seus sintomas diminuídos, o que culminou na diminuição da necessidade da administração de antiinflamatórios, quando na dieta foi diminuído o consumo de produtos lácteos, ou de produtos com alto teor de amido, ou foi aumentado o consumo de proteína, vegetais e frutas ou foi acrescido o consumo de óleo de peixe. Porém, mesmo com esses bons resultados há muitas diferenças e deficiências nas metodologias, o que mostrou que não se pode ainda chegar a uma conclusão sobre haver alguma relação entre a dieta e a EA.
Em resumo os pesquisadores concluíram que devido as diferenças dos delineamentos metodológicos e das análises realizadas nos estudos, ainda não é possível se produzir diretrizes de base populacional que relacione EA com fatores dietéticos.
A Spondylits Association of America reitera que até o momento não existem estudos de metodologias rigorosas o suficiente para gerar alegações comprovadas de que há relação entre a dieta e a evolução da EA. Mas como muitas pessoas relatam piora ou melhora de acordo com a dieta que realizam, eles orientam ao indivíduo que ao notar diferença, que este padrnao seja mantido por algumas semanas e que seja realizado o diário alimentar desse período, pois aí com o auxílio de um profissional da saúde (nutricionista), é possível se verificar a possibilidade de alimentos que gerem maior sensibilidade alimentar.
Eles mencionam as diretrizes gerais para uma alimentação saudável e que devem ser seguidas por pessoas com ou sem EA. Mas trazem de forma acentuada características importantes na alimentação e estilo de vida de uma pessoa que vive com EA:
Ca – é um nutriente que deve ser levado com mais atenção, pois pacientes com EA possuem maior risco para desenvolver osteoporose então as fontes alimentares desse mineral devem sempre compor a alimentação do individuo;
Álcool – álcool não faz bem para ninguém, sobrecarrega o fígado e se a pessoa precisa administrar AINES então, pior ainda, além dos malefícios que gera a resistência dos ossos;
Vitamina D – esse micronutriente é muito importante para o metabolismo do cálcio e para o sistema imune, além de ter ação anti inflamatória;
Ácido fólico – utilizado no metabolismo do Metotrexato, um dos medicamentos utilizados por pacientes com EA. Os medicamentos utilizados são variados e o médico precisa orientar o paciente sobre se há a necessidade de maior cuidado com o consumo de algum micronutriente
Assim orientações de base populacional podem e devem ser estendidas a indivíduos com EA, como fazer a base da sua alimentação ser composta por vegetais (frutas legumes, folhas, verduras, raízes, leguminosas, cereais, oleaginosas...) na sua forma integral e minimamente processada possível, evitar o consumo de ultraprocessados e controlar o consumo de processados, utilizar gorduras mono e poli-insaturadas em substituição a saturada, usar ingredientes culinários com parcimônia, se manter bem hidratado ingerindo de 8 a 10 copos de água por dia, evitar o consumo de alcool, manter um peso saudável e adequado a sua estatura (nem a mais nem a menos), cuidar do intestino consumindo muitas fibras e também alimentos probióticos, fazer exercício, cuidar do sono, manejar seu stress e cuidar com as relações interpessoais e com o ambiente.
Fontes:
BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Guia alimentar para a população brasileira. 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 14 maio 2021.
MACFARLANE, Tatiana V. et al. Relationship between diet and ankylosing spondylitis: A systematic review. European journal of rheumatology, v. 5, n. 1, p. 45, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5895151/pdf/ejr-5-1-45.pdf. Acesso em: 14 maio 2021.
SHINJO, Samuel Katsuyuki; GONÇALVES, Roberta; GONÇALVES, Célio Roberto. Medidas de avaliação clínica em pacientes com espondilite anquilosante: revisão da literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 46, n. 5, p. 340-346, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbr/v46n5/a07v46n5.pdf. Acesso em: 14 maio 2021.