De acordo com a Organização Mundial da Saúde, milhões de pessoas convivem com Diabetes Mellitus no Brasil. É uma doença de importância para a saúde pública, e que merece destaque na conscientização para seu controle e prevenção, com participação do nutricionista.
É perceptível que o ritmo acelerado da vida urbana, alterou o estilo de vida das pessoas, e consequentemente despertou um reflexo no comportamento social, alimentar, físico e emocional, causando por vezes desequilíbrio na saúde dos indivíduos.
Esse ritmo urbano acelerado trouxe para a população comodidades, acesso rápido aos bens, utensílios e alimentos prontos ou semiprontos, e com essa comodidade, também desencadeou o surgimento e a expansão de doenças, tais como a Diabetes Mellitus.
O que você sabe sobre Diabetes Mellitus?
Diabetes Mellitus é uma doença crônica degenerativa, que causa disfunção metabólica, e se caracteriza pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia).
Pode ocorrer por defeitos na secreção ou ação de um hormônio chamado insulina, que é produzido no pâncreas, e cuja função é promover a entrada de glicose nas células do organismo, para que estas desempenhem suas respectivas funções.
Logo, a falta de insulina, ou um defeito em sua ação, resulta em excesso de glicose no sangue, causando o fenômeno conhecido por hiperglicemia.
E não encontramos apenas um tipo de diabetes mellitus, mas vários tipos, os quais podem diferir quanto à causa, evolução clínica e tratamento.
As principais classificações são:
- Diabetes do tipo 1 ou insulina dependente;
- Diabetes do tipo 2 não insulina dependente;
- Diabetes Gestacional;
- Diabetes associado a outras condições ou síndromes;
O que pode levar ao desenvolvimento de diabetes mellitus?
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento desta doença, podemos destacar:
- História familiar;
- Obesidade;
- Idade igual ou maior a 45 anos;
- Hipertensão;
- História de diabetes gestacional;
- Nascimentos de neonatos com mais de 4,5 kg.
Além dos que foram citados acima, o envelhecimento da população, o sedentarismo relacionado a obesidade, somado a uma alimentação inadequada ou desajustada, aliam-se aos fatores de riscos responsáveis ao desenvolvimento do diabetes.
A Organização Mundial de Saúde, estima que a glicemia elevada é o terceiro fator em importância da causa de mortalidade prematura, superada apenas por pressão arterial aumentada e o uso do tabaco.
Esses fatores oneram os gastos com a saúde pública e revelam os baixos desempenho dos sistemas de saúde.
Como é feito o diagnóstico do diabetes mellitus?
O diagnóstico da diabetes é realizado por meio da identificação de sinais e sintomas como:
- Poliúria
- Polidispsia
- Polifagia
- Perda inexplicada de peso, presente no tipo 1 (também podem estar presente no tipo 2)
Na diabetes tipo 2, o início é insidioso e muitas vezes a pessoa não apresenta sintomas. O diagnóstico, baseia-se na detecção da hiperglicemia.
Há quatro tipos de exames que podem ser utilizados no diagnóstico da doença:
- Glicemia casual
- Glicemia de jejum
- Testes de tolerância a glicose com sobrecarga de 75g em duas horas (TTG)
- E em alguns casos, hemoglobina glicada (HbA1c)
Qual a relação entre o tratamento do diabetes mellitus na atenção básica e o autocuidado?
A programação do atendimento para o tratamento e acompanhamento das pessoas com Diabetes Mellitus na Atenção Básica deverá ser realizada de acordo com as necessidades gerais previstas no cuidado integral e longitudinal do diabético.
No caso do tratamento da diabetes tipo 2, consiste na adoção de hábitos de vida saudáveis, como uma alimentação e abandono do tabagismo, acrescido ou não de tratamento farmacológico.
O nutricionista ocupa um papel fundamental, pois os hábitos de vida saudáveis são a base do tratamento da diabetes e possuem uma importância relevante no controle glicêmico, além de atuarem no controle de outros fatores de riscos para doenças cardiovasculares.
O manejo clínico da insulinização na diabetes tipo 2, deve ser prioritariamente realizado na Unidade Básica de Saúde. Porém, pode ser realizado em ambulatório de especialidade de casos específicos ou com apoio matricial, se for necessário.
A pessoa com diabetes tipo 1, apesar de geralmente ser acompanhada pela Atenção Especializada, também deve ter seu cuidado garantido na atenção básica. É essencial que a equipe conheça essa população e mantenha a comunicação constante com os demais níveis de atenção.
Aos portadores de doenças crônicas é necessário que a equipe multiprofissional esteja atenta para captar estes pacientes o mais precocemente possível, fazendo um bom acolhimento na Unidade Básica de Saúde, dando-lhe prosseguimento adequado. Como também elaborar um plano de cuidado que esteja centrado para a educação no autocuidado.
O autocuidado não deve ser entendido como exclusiva responsabilidade do indivíduo e de sua família, mas, também responsabilidade profissional e das instituições de saúde.
Ao identificarmos um problema de saúde em uma comunidade, não basta apenas diagnostica-lo, é necessário fazer uma intervenção no sentido de diminuir, sanar ou evitar maiores complicações.
A educação para conscientização e transformação é peça fundamental para resolução dos paradigmas em saúde.
Inclusive, no mês de novembro temos uma data (dia 14) dedicada como Dia Mundial de Combate ao Diabetes, com intuito de conscientizar a população.
Como nutricionistas, e profissionais da saúde que somos, temos papel essencial na prevenção e no cuidado, na atenção básica e em todas as esferas da saúde, sempre com foco no paciente como um todo e na sua qualidade de vida.
Você já contribui com esse cuidado, Nutricionista?
Referência Bibliográfica:
Assis J M, Cardoso F F A. Projeto de Intervenção para o Controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica. Acervo de Recursos Educacionais em Saúde UNA-SUS [acesso em 15 nov 2021]. Disponível em :